“O fatalismo não engessa as pessoas. Cada um de nós é responsável e resultado das suas escolhas. Mas as escolhas que valem não são as de ontem. São aquelas que fazemos hoje. A cada dia escolhemos o que queremos ser. Quase sempre, por comodismo, escolhemos continuar do jeito que somos”. (Frei Aldo Colombo)
Pensar é uma atitude a ser provocada, sobretudo aos mais jovens. Somos herdeiros de uma grande conquista que é a liberdade de expressão, mas esta deve ser ampliada por um pensar denso, crítico e capaz de construir novas referências para a vida, a cidadania e a democracia no mundo. Tarefa de quem? Dos professores e mestres, que tem por objetivo em seu trabalho o desenvolvimento de mentes humanas.
O ambiente escolar é, por excelência, um lugar que nos permite instigar os adolescentes e jovens a descobrirem-se seres pensantes. E esta descoberta ou re-descoberta, feita por eles, é contagiante e desencadeadora de processos que determinam a sua condição de sujeitos. Sim, porque descobrem: “eu posso e devo pensar”. Pensar me dá a condição de ser alguém, porque quando penso tenho algo a dizer aos outros. Desejo comunicar aquilo que sou e aquilo que penso e então digo: “me ouçam”, “eu estou aí”. “Sou protagonista; detesto ser pensado pelos outros”.
O conhecimento, em permanente construção, requer da gente atitudes de aprendentes. Conhecer não é saber tudo, mas é colocar-se aberto às possibilidades de aprendizagem que a vida e o mundo nos oferece. A verdade é uma constante busca, não uma posse de um ou de outro. Todos somos capazes de apreender e conhecer a verdade, mas muitos preferem viver a mediocridade. Como disse Frederick Crane, "a mediocridade refugia-se na padronização”. É que todo conhecimento aprendido gera compromissos e responsabilidades. E depois de saber, não posso argumentar que não sabia, não posso dizer que determinadas informações me eram desconhecidas. Sabendo, convivo com as responsabilidades do saber que adquiri.
Quanto mais conheço sobre mim mesmo, sobre a vida e sobre a realidade, maiores as condições de reconhecer-me como um sujeito. Como um ser de projeto, estou em permanente construção. Minhas escolhas contribuem para determinar quem eu sou, por isso devo estar atento para que estas estejam em sintonia com aquilo que defini ser o meu projeto de vida. Ou, talvez, as escolhas que eu venha fazendo possam estar indicando aquilo que desejo para mim. Sim, porque nunca é bom ser sem rumo.
O isolamento social, por sua vez, traz sérias conseqüências para a construção do saber. O conhecimento é enriquecido nas trocas e no encontro com os outros. O encontro com os outros é a possibilidade do encontro de distintos saberes. É no diálogo que enriquecemos os nossos conhecimentos. É no cara-a-cara, no face-a-face que melhor confrontamos as diferentes interpretações sobre a vida e sobre os fatos. Nada substitui os relacionamentos interpessoais, sempre carregados de sentidos e dimensões fundamentais para a compreensão da vida e da realidade.
Todos nascemos potencialmente capazes de pensar e brilhar. Por conta de nossas idéias, nos fazemos sujeitos de nossa história. Como diz o poeta russo Aleksander Puchkin, “... escolhe um caminho livre. E segue por onde levar tua mente livre; aperfeiçoa os frutos das idéias que te são caras, sem nada esperar por teus nobres feitos. Em ti estão todas as recompensas. De ti és o juiz supremo. Ninguém, com mais rigor, julgará tua obra. Judicioso artista, isto te apraz?”.
Nei Alberto Pies,
professor e militante de direitos humanos.
Endereço eletrônico: pies.neialberto@gmail.com
Um comentário:
Olá Marise! De link em link, encontrei seu blog. Parabéns! Quanta coisa boa para ser lida e levada a meus alunos. Moro em POA e dou aulas de filosofia no ens. fundamental em duas escolas municipais. Se quiseres bater um papo a qualquer hora, meu msn é rizomando@hotmail.com. Será um prazer.
Abraços
Alexandre
Postar um comentário