1. Idéias básicas sobre o Senso comum:
· Saber Imediato. Nível mais elementar do conhecimento baseado em observações ingênuas da realidade. Está freqüentemente ligado a resolução de problemas práticos do cotidiano.
· Saber Subjetivo. Construído com base em experiências subjetivas .
· Saber heterogêneo. Resulta de sucessivas acumulações de dados provenientes da experiência, sem qualquer seletividade, coerência ou método. Trata-se de uma forma de saber ligado ao processo de socialização dos indivíduos, sendo muito evidente a influência das tradições e idéias feitas transmitidas de geração em geração.
· Saber Não Crítico. Conhecimento comum.
2. Conceito
Senso Crítico é a busca da verdade pelo questionamento do “eu” do “outro” e do “mundo”.
3. Espírito crítico e espírito de crítica
Espírito crítico é a atitude amadurecida do homem que busca com seriedade a verdade, suprema virtude da mente.
O espírito crítico pondera razões, confronta motivos, busca o desvelamento da verdade, que tranqüiliza as exigências da razão, dissipa as trevas da ignorância e promove o progresso da mente.
Espírito de crítica é o espírito de contradição.
O espírito de crítica é o indício de uma desorganização mental, de uma superficialidade irresponsável que conduz ao ceticismo, à inanição; nasce do nada e não conduz a coisa alguma, ou nasce da inquietação pessoal e conduz à inquietação de muitos (1).
4. O papel da filosofia
A tarefa da Filosofia é desenvolver o senso crítico do homem, que implica a superação das concepções ingênuas e superficiais sobre os homens, a sociedade e a natureza; concepções essas forjadas pela “ideologia” social dominante.
O resultado desse processo é a ampliação da consciência reflexiva do homem, voltada para dois setores fundamentais:
- a consciência de si mesmo: crítica de si próprio enquanto pessoa e de seu papel individual e social (autocrítica).
- a consciência do mundo: compreensão do mundo natural e social e de suas possibilidades de mudança .
5. Estigma e preconceito
Nossas concepções ingênuas forjaram “ideologias” e estigmatizaram “povos”.
Não paramos para pensar se as atitudes de alguns indivíduos referem-se ou não à totalidade das pessoas. Exemplo:
- o judeu é ganancioso;
- o negro é indolente;
- os americanos são superficiais.
6. Passagem do espírito crítico para o espírito não crítico
A lei de evolução é inexorável. Neste sentido, podemos passar de uma situação não crítica para uma que seja crítica, da seguinte forma:
- de forma espontânea: quando novas crenças se chocam com as antigas e requerem uma mudança;
- de forma provocada: quando deliberamos por nós mesmos uma mudança em nossos hábitos e atitudes .
7. Pensador crítico
O espírito crítico arranca o pensador das limitações da particularidade, situando-o no plano das intencionalidades globais, originárias e finais do movimento da existência.
Para J. Ladrière, a crítica é um recuo em direção ao momento originário da existência e também um mergulho na obscuridade do futuro, na tentativa de discernir as melhores possibilidades do devir.
A crítica consiste “num discernimento, num esforço de separar o que pode ser reconhecido como válido daquilo que não o é, a fim de reencontrar as orientações autênticas das intencionalidades constitutivas” (2).
.
Questões para serem discutidas em grupos na sala de aula:
1) O que é senso crítico?
2) Qual a distinção entre espírito crítico e espírito de crítica?
3) Qual o papel da Filosofia?
4) Como se dá a passagem do espírito não crítico para o crítico?
Temas para o debate:
1) É fácil adquirir o olhar crítico? Em caso contrário, o que dificulta tal aquisição?
2) O pensador crítico e as generalizações da existência. Comente.
Referências
(1) RUIZ, J. A. Metodologia Científica - Guia para Eficiência nos Estudos. São Paulo: Atlas, l979.
.
(2) LADRIERE, J. Filosofia e Práxis Científica. Rio de Janeiro: Francisco Alves, l978
Nenhum comentário:
Postar um comentário