sábado, 14 de março de 2009

Senso Crítico

1. Idéias básicas sobre o Senso comum:

· Saber Imediato. Nível mais elementar do conhecimento baseado em observações ingênuas da realidade. Está freqüentemente ligado a resolução de problemas práticos do cotidiano.

· Saber Subjetivo. Construído com base em experiências subjetivas .

· Saber heterogêneo. Resulta de sucessivas acumulações de dados provenientes da experiência, sem qualquer seletividade, coerência ou método. Trata-se de uma forma de saber ligado ao processo de socialização dos indivíduos, sendo muito evidente a influência das tradições e idéias feitas transmitidas de geração em geração.

· Saber Não Crítico. Conhecimento comum.

2. Conceito

Senso Crítico é a busca da verdade pelo questionamento do “eu” do “outro” e do “mundo”.

3. Espírito crítico e espírito de crítica

Espírito crítico é a atitude amadurecida do homem que busca com seriedade a verdade, suprema virtude da mente.

O espírito crítico pondera razões, confronta motivos, busca o desvelamento da verdade, que tranqüiliza as exigências da razão, dissipa as trevas da ignorância e promove o progresso da mente.

Espírito de crítica é o espírito de contradição.

O espírito de crítica é o indício de uma desorganização mental, de uma superficialidade irresponsável que conduz ao ceticismo, à inanição; nasce do nada e não conduz a coisa alguma, ou nasce da inquietação pessoal e conduz à inquietação de muitos (1).

4. O papel da filosofia

A tarefa da Filosofia é desenvolver o senso crítico do homem, que implica a superação das concepções ingênuas e superficiais sobre os homens, a sociedade e a natureza; concepções essas forjadas pela “ideologia” social dominante.

O resultado desse processo é a ampliação da consciência reflexiva do homem, voltada para dois setores fundamentais:

- a consciência de si mesmo: crítica de si próprio enquanto pessoa e de seu papel individual e social (autocrítica).

- a consciência do mundo: compreensão do mundo natural e social e de suas possibilidades de mudança .

5. Estigma e preconceito

Nossas concepções ingênuas forjaram “ideologias” e estigmatizaram “povos”.

Não paramos para pensar se as atitudes de alguns indivíduos referem-se ou não à totalidade das pessoas. Exemplo:

- o judeu é ganancioso;

- o negro é indolente;

- os americanos são superficiais.

6. Passagem do espírito crítico para o espírito não crítico

A lei de evolução é inexorável. Neste sentido, podemos passar de uma situação não crítica para uma que seja crítica, da seguinte forma:

- de forma espontânea: quando novas crenças se chocam com as antigas e requerem uma mudança;

- de forma provocada: quando deliberamos por nós mesmos uma mudança em nossos hábitos e atitudes .

7. Pensador crítico

O espírito crítico arranca o pensador das limitações da particularidade, situando-o no plano das intencionalidades globais, originárias e finais do movimento da existência.

Para J. Ladrière, a crítica é um recuo em direção ao momento originário da existência e também um mergulho na obscuridade do futuro, na tentativa de discernir as melhores possibilidades do devir.

A crítica consiste “num discernimento, num esforço de separar o que pode ser reconhecido como válido daquilo que não o é, a fim de reencontrar as orientações autênticas das intencionalidades constitutivas” (2).

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Questões para serem discutidas em grupos na sala de aula:

1) O que é senso crítico?

2) Qual a distinção entre espírito crítico e espírito de crítica?

3) Qual o papel da Filosofia?

4) Como se dá a passagem do espírito não crítico para o crítico?

Temas para o debate:

1) É fácil adquirir o olhar crítico? Em caso contrário, o que dificulta tal aquisição?

2) O pensador crítico e as generalizações da existência. Comente.

Referências

(1) RUIZ, J. A. Metodologia Científica - Guia para Eficiência nos Estudos. São Paulo: Atlas, l979.

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(2) LADRIERE, J. Filosofia e Práxis Científica. Rio de Janeiro: Francisco Alves, l978

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