segunda-feira, 11 de maio de 2009

Conhecimento e assimilação

Um conjunto de informações em um banco de dados constitui conhecimento?

A rigor um conjunto de informações num banco de dados não pode ser considerado conhecimento. O que diferencia um conjunto de dados de uma quantidade de conhecimento é a assimilação que alguém pode fazer dos mesmos.

Para alguém afirmar que conhece alguma coisa não basta saber onde encontrar informações sobre isto , mas sim como empregar tais informações e em que circunstâncias as mesmas se aplicam bem como as possíveis exceções onde tais dados não sejam aplicáveis.

No excelente livro para aprender costumes da Roma antiga “ Eu Claudius imperador”, o autor inglês Robert Graves faz uma adaptação d’ “A vida dos doze césares “ de Suetônio. Neste livro há certo preceptor que diz ao protagonista (o imperador Claudius) não ser interessante “meter em sua cabeça fatos que podiam ser encontrados em qualquer biblioteca” , mas sim “ensina-lo a lidar com tais fatos”. Isto é a suma do que afirmo acima. Os dados por si só não consistem em conhecimento, mas sim o saber usa-los e “last but not least” quando usa-los.

Assim alguém que dispõe de uma biblioteca médica ( e hoje com a internet todos podemos possuir uma) não pode se intitular médico , pois falta o senso de como usar estes dados bem como a experiência no uso dos mesmos.

Toco , no parágrafo acima, em outro tópico relacionado : o valor da experiência na aplicação dos conhecimentos adquiridos. A experiência nos últimos anos vem sendo desprezada e caindo em desuso. Para defender o valor da experiência cabe lembrar que a linguagem humana (seja qual for o idioma na qual a mesma é expressa) é falha e portanto não basta memorizarmos conhecimentos diversos sobre um assunto sem que tenhamos alguma vez enfrentado situações práticas em que tais conhecimentos se aplicam, pois na hora de aplicarmos conhecimentos teóricos é que vemos o quão afastada da idéia a linguagem pode se tornar . Apenas com o conhecimento prático vemos o enorme “gap” que existe entre teoria (feita na maioria das vezes de experiência de outrem passada pelo “filtro” da linguagem) e prática. Como diz o velho adágio popular “na prática a teoria é outra”.

Assim, alguém que passe a memorizar centenas de dados não auferirá conhecimentos , no máximo tornar-se-á um “idiot savant” da psicopatologia caso não saiba aplica-los.

Atividade desenvolvida para a disciplina de Prática de Ensino - Marise von Frühaf Hublard.

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