quarta-feira, 15 de abril de 2009

Por que e para que FILOSOFAR?

Silvio Wonsovicz *

“Uma vida que não é examinada não merece ser vivida” (Sócrates)

Por que e para que filosofar? Poderíamos responder a essa pergunta de inúmeras maneiras. Respostas favoráveis ou contrárias, com sentido ou somente levando em conta a sua validade, numa sociedade que é imediatista e prática.

Porém, utilizando a afirmativa do filósofo Sócrates, estamos dando uma resposta extremamente significativa e importante para cada um de nós, seres racionais que somos. Ao não exarminarmos, questionarmos, investigarmos sobre nós, sobre os outros e o mundo, não há muito interesse em viver (no sentido pleno do que seja viver). Nossa racionalidade nos garante pensarmos nas causas e efeitos, nas vantagens e desvantagens, nos ganhos e perdas, no que posso ou no que não posso fazer, no bem e no mal, enfim, numa vida melhor, tanto para mim quanto para aqueles que vivem junto comigo.

Podemos, portanto, sendo seres racionais, capazes de filosofar, fazer inúmeras outras perguntas. Muitas com respostas, outras que nos deixam perplexos e sem uma resposta objetiva. Assim, perguntamos num ou noutro momento de nossas vidas:

. Por que preciso comer certos alimentos?

. Por que devo praticar atividades físicas?

. Tenho que respeitar as regras de convivência em sociedade ou posso fazer o que quero?

. O que me leva a ir à escola todos os dias? É um direito, uma obrigação ou um privilégio?

. Quem garante que tudo tem que ser como é e que não poderia ser de outra forma?

. O que devo fazer para ser feliz e viver bem?

. Por que devemos ser éticos? É fácil ser ético no mundo em que vivemos?

. Por que há tanta discordância em relação à ética?

. As pessoas são realmente livres ou nossas ações são determinadas pela genética e pelo meio ambiente?

Você já deve ter feito inúmeras outras perguntas. Para algumas você teve respostas, outras podem ter deixado você pensando. Como você está vendo, há vários tipos de questionamentos que somos capazes de fazer – e só nós é que fazemos tais perguntas -, portanto filosofamos.

Com certeza, as respostas às perguntas que fazemos durante nossa existência podem ser diferentes de pessoa para pessoa. Alguém poderá dizer que faz algo ou pensa de tal maneira porque todo mundo faz assim. Outros poderão dar respostas vendo que as coisas são óbvias, tem de ser assim, sempre foram e serão do mesmo jeito. Alguns buscam, desdc pequenos, pensar por si mesmos, ser autores de suas idéias e visões de mundo. Muitos podem ainda não ter se perguntado sobre essas ou outras questões e talvez nunca o farão.

Quando você, na 7a série, trabalha em sala de aula esta Educação para o Pensar pela Filosofia, as perguntas, muitas vezes, são mais importantes que as possíveis respostas. Dessa forma, quando fazemos perguntas relacionadas a uma postrua e investigação ética, devemos ter uma preocupação em estar fazendo boas perguntas. Perguntas que levem as pessoas a pensar sobre vários assuntos. Queremos poder pensar bem, ser críticos, criatios e criteriosos.

Somos convidados e desafiados a pensarmos bem. A tarefa não é fácil, ainda mais quando tudo e todos que estão à nossa volta preferem o caminho mais fácil. Querem respostas prontas, pensam pouco e não têm o hábito de investigar, de refletir, de discutir idéias.

Essa atitude de filosofar junto com as outras disciplinas é um privilégio seu. Você poderá ter isso sempre presente, principalmente quando estiver em aula ou ao usar bem sua racionalidade nos diversos momentos de sua vida. Você, com certeza, não é igual a todo mundo. Você é diferente, tem uma oportunidade de filosofar com seus colegas de classe. Sua escola abriu espaços para você exercer uma característica do ser racional – fazer perguntas, investigar, pensar bem…

Neste ano em especial, você irá debater, investigar, estudar e observar as atitudes, idéias, posturas das pessoas, e também a sua. Você estará iniciando um trabalho dentro da investigação ética. Precisamos, portanto, aprender a ser coerentes com nossas idéias e nossas ações. Somos convocados a pensar bem e melhor. Precisamos ser cada vez mais cidadãos conscientes de nossos direitos, de nossos deveres e de nossas obrigações. Ser cidadão participante é algo para se construir no dia-a-dia,

Por tudo isso é que a resposta à pergunta “Por que e para que filosofar?” está em nós mesmos. Somos racionais! Queremos investigar sobre o mundo, sobre as idéias, sobre as nossas ações e as ações daqueles que vivem conosco. Queremos poder viver bem, viver em comunindade, ser cidadãos participantes e ativos.

Este é o convite para nossas reflexões filosóficas deste ano. E para terminar essa introdução e começarmos a pensar, afirma Edgar Morin:

“Saber pensar não é algo que se obtém por técnica, receita ou método. Saber pensar não é só saber aplicar a lógica e a verificação aos dados da experiência. Precisamos, pois, compreender que regras, que princípios regem os pensamentos que nos fazem organizar o real, isto é, selecionar/privilegiar certos dados, eliminar/subalternar outros. Precisamos adivinhar a que impulsos obscuros, a que necessidades de nosso ser, a que idiossincrasia de nosso espírito obedece ou responde aquilo que consideramos como verdade. Em uma palavra, saber pensar significa, indissociavelmente, saber pensar o seu próprio pensamento. Precisamos pensar-nos ao pensar, conhecer-nos ao conhecer. É essa a existência reflexiva fundamental, que não é só do filósofo profissional e não deve estender-se apenas ao homem de ciência, mas deve ser a de cada um e de todos.” (MORIN, Edgar. Para sair do século XX, p.11)

__________________________ * Extraído do livro “Novo Espaço Filosófico Criativo: Investigação Ética” – 7a série (Introdução) - Editora Sophos - Florinópolis - SC - Fone: (48) 3222-8826.

2 comentários:

Sérgio Morais disse...

Carta Aberta à Filosofia

"Que raio de saber és tu, Filosofia, que me estás sempre a mostrar que nada sei?
Quem julgas tu que és para me estares sempre a molestar com perguntas que parecem não ter fim.
Dizem que te chamas Sofia e que Sofia é o nome de sabedoria, dizem que és amiga, mas eu duvido que o sejas, porque às vezes, quando te faço perguntas, tu respondes-me com mais perguntas. Que diabo! Endoideceste?
Porque me obrigas sempre a ir buscar respostas complexas e não respostas simples?
Tanto trabalho, tanto trabalho e tão poucos louros! Se eu pudesse matava-te, Filosofia, mas nem isso me deixas fazer, porque se te mato, mato-me a mim próprio, porque não encontro o sentido da minha existência.
Dizem que és radical, mas eu nunca te vi a andar de skate, ou de patins em linha; em vez disso dás-me mais trabalho! Nem sei porque te escrevo, nem sei porque ainda te falo, tão pouco porque não posso fugir de ti! Será que em vez de ódio, é amor que sinto por ti?
Vá, responde-me, Filosofia? Vamos, responde-me!"

Sérgio Morais

É um artigo/ texto/ "carta aberta" da minha autoria que utilizo como introdução à disciplina!

Marise disse...

Sérgio,

Que texto maravilhoso, parabéns!!!
Esse seu texto "Carta aberta" ... é tudo, poético, atual e acima de tudo excita, estimula o jovem (aluno) a filosofar e procurar o sentido da existência na Filosofia.
Abraços,
Marise.

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