"Todo homem tem opiniões, mas poucos são os que pensam". (George Berkeley, o filósofo irlandês do século XVIII)
Os pré-socráticos são os filósofos que primeiramente aprenderam a olhar o mundo de uma forma científica e filosófica. Foram eles que substituíram o olhar mítico pelo olhar do logos, do racional. Os cientistas de hoje podem se orgulhar de suas vastas descobertas, mas não podem se esquecer daqueles que deram os primeiros passos na busca do conhecimento, do conhecimento pelas causas. Em se tratando dos filósofos pré-socráticos, há quatro conceitos fundamentais: kosmos, physis, arché e logos.
Kosmos. É o universo. O substantivo kosmos deriva de um verbo cujo significado é "ordenar", "arranjar", "comandar". Um "cosmo" é um arranjo ordenado. Mais que isso, é um arranjo dotado de estética, algo que embeleza, que é agradável de se contemplar. Se é ordenado, deve, em princípio, ser explicável. Desta palavra surgiram: cosmogonia (lendas e teorias sobre as origens do universo), cosmopolita (cidadão do mundo), cosmético (relativo à beleza humana).
Physis ou "natureza". O termo deriva de um verbo cujo significado é "crescer". Introduz uma clara distinção entre o mundo natural e o artificial, entre as coisas que se "desenvolvem" e aquelas que são fabricadas, entre a physis e a techne. Uma mesa provém da techne; uma árvore, da physis. Em muitos casos, physis e kosmos passam a ter o mesmo significado. Em outro sentido, o mais importante para eles, é que physis passa a denotar algo existente no próprio objeto. Por isso, diz-se que quando os pré-socráticos estavam investigando a natureza, eles estavam buscando a natureza das coisas.
Arché. É um termo de difícil tradução. Seu verbo cognato tanto pode significar "começar", "iniciar", como também "reger", "dirigir". Arché é um princípio; physis, é crescimento. Os filósofos pré-socráticos perguntavam: de onde se origina então o crescimento? Como este teve origem? Quais são seus princípios originais? Estas questões tinham por fim achar o arché das coisas. Tales de Mileto, por exemplo, achou que o primeiro princípio era a água. Mais tarde, foi provado que esta hipótese era falsa. Mas isso pouco importava, pois o que era merecedor de elogios é o modo como argumentavam, ou seja, como punham à prova as suas opiniões, eliminando por completo o dogmatismo.
Logos. É de tradução ainda mais difícil do que a de arché. É cognato do verbo legein, que normalmente significa "enunciar" ou "afirmar". Assim, logos é por vezes enunciado ou afirmação. Apresentar um logos ou um relato de algo é explicá-lo, desdobrá-lo. Quando Platão afirma que um homem inteligente é capaz de apresentar um logos das coisas, ele não queria dizer que essa pessoa era capaz de descrevê-las, mas de explicá-las, ou seja, de apresentar razões dessas coisas. Em síntese, logos é razão, racionalidade, raciocínio, argumentação e evidência.
Os pré-socráticos apresentavam argumentos. Eles não se importavam se estes eram verdadeiros ou não; estavam muito mais preocupados com o método, a maneira, a forma de buscar o conhecimento, do que o conhecimento em si mesmo.
Fonte de Consulta
BARNES, Jonathan. Filósofos Pré-Socráticos. Tradução Júlio Fischer. São Paulo: Martins Fontes, 2003 (Clássicos)
http://sbgfilosofia.blogspot.com/
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