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quinta-feira, 4 de junho de 2009

A pensar morreu um burro

No Brasil, não é muito diferente... Algumas das forças que nos levam a não pensar José Alberto Quaresma

"Nos temperamentos espontâneos e expansivos, violentos e fracos, nas cabeças sem rumo seguro, nas vontades sem firmeza, as impressões governam mais do que os planos: a ocasião vale tudo, o pensamento nada." Oliveira Martins, Portugal Contemporâneo, 1881

Aqui há uns anos um amigo meu comentava, com alguma jocosidade, a situação respeitante a outro amigo, que tinha sido obsequiado com uma pequena quota numa empresa, desta forma: "É pá, o João foi convidado para uma sociedade para pensar!". Pensar era, na sua maneira de ver, ainda menos do que a mais sublime das inutilidades que a alma humana podia cultivar.

A opinião, muito sólida, está mais generalizada na sociedade portuguesa do que se poderia supor. A convicção vem de longe. Continua coriácea. Sobreviverá certamente à nossa contemporaneidade.

Alguns provérbios e aforismos populares parecem, todavia, contrariar aquela afirmação: "antes de falar põe-te a pensar", "o bem pensado nunca sai errado" ou "quem dos outros fala e murmura, pouco pensa e muito se aventura". Mas a história não regista proveito e exemplo de que tenham sido muito cultivados.

Não há uma tradição de exercício do pensamento e, muito menos, do pensamento crítico. Nunca se pensou muito em Portugal. E não é preciso recuar até ao fundo do tempo para o constatar. No improviso, no desenrasca, somos aparentemente brilhantes, consolamo-nos muito com isso, temos jactância para dar e vender. Já o pensar, estudar, prever, planificar, avaliar, realizar é geralmente entendido como pura perda de tempo, falta de jeito, incapacidade, quando não estultícia. Pensar é pouco mais do que caquear. Uma sandice, uma inépcia. A pensar morreu um burro...

O pensamento enquanto acto de espírito, exercício de inteligência, ginástica da razão, que procura mobilizar conhecimentos adquiridos do património científico e cultural da humanidade e acrescentar qualquer coisinha, não pode deixar de estar intimamente ligado à cultura escrita. Quase sempre o foi. Mas a cultura escrita ainda hoje tarda em repartir-se pela maioria da população portuguesa. Factores históricos e estruturais são determinantes nesta situação.

Portugal chega muito tarde à primeira industrialização e à economia capitalista desenvolvida. Meios familiares desfavorecidos induziram uma desqualificação sistemática para as práticas de leitura, escrita e cálculo que atingiu sucessivas gerações de portugueses. A irregular expansão do ensino e as deficiências materiais, pedagógicas, metodológicas e relacionais das escolas, ainda hoje não permitem inverter a situação. Apesar do esforço das políticas educativas para fazer chegar a escolaridade básica ao maior número possível de pessoas, e acertar o passo com os países mais desenvolvidos (ainda que para deslumbre estatístico), uma constatação grita-nos muda: temos a população quase integralmente escolarizada, mas larguíssimos sectores dela continuam a ter dificuldades graves precisamente no domínio da leitura, da escrita e do cálculo elementar. Há uma enorme incapacidade, num amplo sector da população, para processar informação escrita e lidar com ela na actividade social ou profissional.

Portugal chega tarde, muito tarde, à escolaridade básica. À data da implantação da República, os analfabetos constituíam 75% da totalidade dos habitantes. Há quarenta anos, ainda resistia iletrada mais de 40% da população. Mais de 21% mal sabia ler e escrever, sem possuir qualquer grau de ensino. Em 1960, apenas 22,5% da população possuía o ensino primário. Menos de 1%, na mesma altura, conseguia tirar um curso médio ou superior. Só agora estamos a chegar, no fim do século XX, aos 90% de taxa de alfabetização. Precisamente a que os povos da Escócia, Países Baixos, Inglaterra e leste de França, conseguiram em 1900. A escolaridade básica não há muito tempo ficava concluída com a terceira classe. O ensino obrigatório de seis anos tem apenas um quarto de século. A escolaridade de 9 anos só há poucos anos foi tornada imperativa.

Em 1960, gastava-se 1,8% do PIB na Educação. Hoje, à volta de 6%, excluindo o ensino privado. A revolução no ensino foi, no plano formal, estrondosa. O número total de alunos, que era em 1960 de 1.140.000, mais do que duplicou. A população universitária saltou de 24.000 alunos, em 1960, para mais de 300.000 nos nossos dias. Ainda assim continuamos na cauda dos países desenvolvidos. A fracção da população escolarizada, entre os 25 e os 64 anos, que atingiu um grau de ensino ao nível do secundário ou superior, no início dos anos 90 é, em Portugal, de apenas 7%, quando em Espanha é de 13%, na Alemanha 22%, na Suécia 24%, nos Estados Unidos 31% e no Canadá de 41%. Melhor será não falar nas actuais taxas de abandono na escolaridade básica, no ensino secundário (10.º-12.º anos) e no ensino superior.

Num estudo intitulado A Literacia em Portugal, coordenado por Ana Benavente, e publicado em 1996, demonstra-se claramente a incapacidade da maioria da população para processar informação escrita. A escrita é menos praticada do que a leitura e o cálculo. A leitura de livros é muito menor do que a leitura de jornais e de revistas. Uns e outros de reduzidíssima frequência. As maiores taxas de leitura, no quotidiano fora da actividade profissional, são as legendas de televisão. Na escrita, são os recados e o preenchimento de documentos. E, no cálculo, são apenas as compras correntes e a gestão do orçamento doméstico.

Na actividade profissional há uma muita limitada utilização de materiais escritos. Só a minoria de quadros técnicos é que contraria este panorama desolador. Na generalidade das situações de trabalho, o recurso à informação escrita é de expressão ínfima.

Não é difícil imaginar os problemas que se podem levantar a uma participação activa, esclarecida, no plano cívico e social de tanta gente.

Há cinquenta anos, mais de três quartos da população portuguesa ainda vivia no campo. A sua vida decorria ao ritmo da natureza e do calendário religioso. Divertimentos eram apenas as procissões, feiras, romarias e festas. Os dias seguiam vaporosos nas tabernas. Nas aldeias pasmava-se. Nas cidades a vida não era menos modorrenta.

Demos um salto vertiginoso do analfabetismo puro e mole para a sociedade da informação. A televisão entrou-nos pela barraca adentro. Com o nosso consentimento, para nosso deleite. Saltámos de uma cultura oral para uma cultura audiovisual. Demorámo-nos pouco, menos do que uma geração, numa cultura escrita, generalizada a toda a população. O que é pouco mais do que nada para ganhar o vício. O salto foi pacífico. Aterrámos bem. Talvez porque as duas sejam a mesma realidade contemplativa de apenas ver e ouvir. Tudo chega explicadinho, pronto a digerir, assimilar... e esquecer.

Só que a última das culturas populares é a mais real. Vem certificada pelo poder omnisciente, sacralizado, da televisão. Como, outrora, os outros poderes, igualmente omniscientes da Igreja ou da tradição, certificavam a realidade longínqua ou desconhecida, explicando o inexplicável.

O pensamento precisa de tempo. O pensamento crítico ainda de mais tempo. Uma estreita relação estabelece-se entre pensamento e velocidade. Ora o nosso tempo é rápido e fugaz. Tempo é dinheiro. Não pensar é dinheiro. Mais do que nunca. E os meios de comunicação de massas aí estão para nos poupar tempo e trabalho. E até dar dinheiro. Muito dinheiro.

Na televisão, o ainda mais importante de todos eles, os programas de entretenimento ocupam, de forma quase exclusiva, o horário nobre, deixando para esconso horário "plebeu" os programas de informação ou os programas científicos, quando existem. O "prime-time" não é para pensar. É para não pensar. E, mesmo nos programas de informação, os canais de televisão nunca se esquecem de convidar o "especialista", aquele que sabe tudo sobre o tema e que explica bem e depressa. E o mérito está precisamente nestes "fast-thinkers" que pensam rápido, pensam por eles e para todos. O que pressupõe que os receptores, em última instância, não pensem. Fazem-nos esse favor. O fenómeno está a tornar-se universal. Para bem dos nossos pecados, salvo seja, como demonstra Pierre Bourdieu no opúsculo Sur la Télévision.

Somos dados a opinar muito e a pensar pouco. Saltámos de uma oralidade rústica para uma oralidade mediática, tecnológica e urbana. Falamos muito e bem ao telemóvel. Já navegamos à bolina pela Internet. Ainda somos poucos, aqui, mas amanhã seremos quase todos. Pelo menos essa é a vontade de quem nos governa.

A escola está a cavalgar esta onda gigante, privilegiando o aparato tecnológico à profundidade da substância e dos conteúdos. E nós, professores, vamos tentando cada vez mais, apenas, que os nossos alunos mexam bem nos instrumentos. E que não pensem muito. Pensar traumatiza.

Mas, mesmo que a pensar morra um burro, nós precisamos de pensar para não morrer. O que de melhor a humanidade produziu foi pensando bem que o fez. A História disso faz periodicamente o balanço. Pensar é preciso. Navegar não é preciso. Ou não é tão preciso. Menos ainda quando já fechámos o Império e abatemos a frota ao efectivo.

O pensamento crítico permite defendermo-nos das afirmações falsas ou falaciosas, distinguir os bons dos maus argumentos, fundamentar melhor e mais claramente as nossas melhores razões. Certifica-nos verdade e qualidade.

Os programas curriculares do ensino secundário deviam ser despidos de toda a ganga que os submerge e que não deixa ver, nem a professores, nem a alunos, o fundamental, distinguindo-o do acessório e até do inútil. Equipas multidisciplinares integradas e coordenadas por "missionários" (do pensamento crítico, entenda-se) da Filosofia poderiam passar a pente fino os programas curriculares e tentar introduzir exercícios e actividades que estimulassem o exercício do pensamento crítico nessas disciplinas. Evidentemente, tendo em atenção o nível etário e cultural dos alunos. O espaço da aula devia ser um espaço de reflexão. E o próprio exercício de pensar um dos objectivos centrais de cada uma das disciplinas do ensino básico e secundário. Não seria difícil nelas introduzir noções, problemas, exercícios práticos, actividades que tivessem no horizonte as bases fundamentais do pensamento crítico. Problemas como os da vagueza, da fronteira imprecisa, das afirmações morais, da ambiguidade, da confusão entre objectividade e subjectividade, continuam a encher manuais escolares, conteúdos didácticos, práticas lectivas, contaminando toda a transmissão de conhecimentos. O problema é do nosso tempo e dele também não escapam as sociedades mais desenvolvidas. As experiências de Alex Bavelas, um especialista na interacção de grupos, descritas por Paul Watzlawick no livro A Realidade é Real?, demonstram de forma surpreendente como podemos facilmente ser vítimas das nossas convicções mais profundas: assim que uma tentativa de explicação de um fenómeno domina as nossas mentes, qualquer explicação do contrário pode levar não a corrigir o erro mas a "elaborações" da própria explicação, tornando-a auto-suficiente. É fácil errar e persistir no erro ainda com maior convicção. Quantos de nós, professores, não andaremos inflados das melhores intenções a persistir...

Instrumentos operativos de avaliação de premissas, de critérios de aceitação ou rejeição de afirmações, são passíveis de introdução nos currículos da maior parte das disciplinas do segundo e terceiros ciclos e do ensino secundário. Dar a conhecer os princípios que regulam o uso das afirmações complexas ou das afirmações gerais na argumentação em muitos dos conteúdos científicos dessas disciplinas também.

Este trabalho não é um trabalho qualquer. Mexer nos conteúdos disciplinares, para avaliar da sua boa sanidade relativamente ao pensamento crítico, pode ter o mesmo efeito que a passagem de uma retro-escavadora por uma loja de bibelots de cristal. Não tenho grande fé que o sistema educativo e os seus gurus tenham vontade para introduzir alterações de substância nos currículos disciplinares, do ensino básico ao secundário, para levar aos conteúdos e às práticas lectivas o exercício do pensamento crítico. O pensamento crítico é perigoso. O voo livre abana as sólidas e seculares construções do próprio sistema, e de nós todos que dele, harmoniosamente, fazemos parte. Mas, ainda assim, vale a pena tentar. Convém não ser tão pessimista como Anatole France, prémio Nobel da Literatura, em 1924: "O pensamento é uma doença própria de alguns indivíduos e que não se propagaria sem levar imediatamente ao fim da espécie".

José Alberto Quaresma

Bibliografia

  • BARRETO, António, (coordenação de), A formação de Portugal moderno: A evolução social, 1960-1995, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Lisboa, 1996.
  • BENAVENTE, Ana, (coordenação), A Literacia em Portugal, Fundação Calouste Gulkbenkian, Lisboa, 1996.
  • BOUDON, Raymond, L'Art de se persuader des idées douteuses, fragiles ou fausses, Librairie Arthème Fayard, Paris, 1990
  • BOURDIEU, Pierre, Sur la Télévision, Liber — Raisons d'agir, Paris, 1996.
  • EPSTEIN, Richard & MURCHO, Desidério, Pensamento Crítico, em preparação.
  • MARTINS, Oliveira, Portugal Contemporâneo, 8.ª edição, Guimarães Editores, Lisboa, 1976.
  • MATTOSO, José (direcção de), História de Portugal, Vol. VII e VIII, Círculo de Leitores, Lisboa, 1993.
  • WATZLAWICK, Paul, A Realidade é Real? (How Real is Real?), Relógio d'Água, Lisboa, s/data.
  • WESTON, Anthony, A Arte de Argumentar, Gradiva, Lisboa, 1996.
Fonte: http://criticanarede.com/html/fil_apensarmorreu.html Imagem: http://tvdigitalnobrasil.files.wordpress.com/2007/09/globo_lock_final1.jpg

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Uma Filosofia prática para o Século XXI

SABEDORIA VIVA DAS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES FILOSOFIA COMPARADA DO ORIENTE E DO OCIDENTE Introdução às principais ideias e vivências proporcionadas pelas várias correntes de pensamento ao longo da História da humanidade. Da Índia Védica ao Budismo Tibetano, de Confúcio ao Egipto, de Platão a Plotino passando por Aristóteles. Um vasto conjunto de temas que, mais do que acrescentar os nossos conhecimentos, nos permitem aceder a algumas das chaves para entender o ser humano e o mundo.

A FILOSOFIA COMO CONHECIMENTO GLOBAL

Para Platão, a Filosofia é a Música que a alma faz na procura da verdade, música que salta todas as barreiras dos nossos medos e egoísmos. Filosofia é amor à sabedoria e esta a alma e luz de todos os processos da natureza e da mente humana. Nas civilizações antigas a Filosofia não é, como hoje, uma especialização do conhecimento humano mas o seu fundamento, a matemática dinâmica da alma. da natureza e, portanto, a estrutura viva de toda a ciência e saber. Os programas educativos das Escolas de Filosofia, como a Academia de Platão, o Liceu de Aristóteles ou a Escola Estóica tendiam para o despertar e desenvolvimento do princípio luminoso da razão na alma humana. E, também, uma formação do carácter dos discípulos para poderem enfrentar a vida com valentia e inteligência, conhecendo a mecânica desta mesma vida e deste modo não serem seus escravos, mas sim seus donos. As Escolas de Filosofia eram, portanto, as que outorgavam a mestria na arte de viver, dando ao humano a sua dimensão verdadeira e quase divina. No Egipto estas Escolas receberam o nome de «Casas da Vida» porque eram oficinas de forja das almas e da conduta.

OS SETE NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA

Tudo no Universo é uma questão vibratória, desde a agitação do átomo nas côncavas matrizes da substância primordial, até à palpitação da vida que faz nascer e morrer mundos sem fim no seio da Eternidade. Segundo a filosofia hermética, onde há vibração há vida e onde há vida há consciência, por mais ínfima que esta seja. Nas Escolas Esotéricas da índia, Grécia e Egipto foram descritos sete níveis de vida, forma e consciência que abarcam a natureza inteira, entendendo por natureza o todo em acção. Esta constituição septenária é o esquema básico para entender a filosofia e o pensamento antigo e também para aprofundar os mistério da alma humana. Toda a vida é tecida com e nestas vibrações, que são as primeiras sementes da realidade. Para o ser humano e para a natureza, tal e como a conhecemos, estas vibrações assumem a forma, desde o mais denso ao mais subtil, de: l - A matéria e forma dos corpos, 2 - A corrente vital, 3 - Mundo emocional, 4 - Mente de desejos, limitada e condicionada, 5 - Mente pura e altruísta, ilimitada e incondicionada, 6 - Intuição pura ou luz da inteligência, 7 -Vontade de Ser, a chispa última de Deus na alma de tudo o que vive. A ÍNDIA MILENAR E O BHAGAVAD GITA

O Bhagavad Gita, o «Canto do Mestre» é a obra cume da filosofia hindu. Pertence ao Mahabharata, epopeia que narras as guerras entre kuravas e pandavas e que serviu, por exemplo, de inspiração a George Lucas para a sua «Guerra das Estrelas». O Bhagavad Gita desenvolve nas suas páginas ensinamentos sublimes, questões fundamentais para entender o sentido da vida: o Dharma, a Lei da Harmonia Universal; o Karma, Lei da Causa e Efeito; a teoria da reencarnação e a imortalidade da Alma; o mistério dos avatares ou encarnações divinas, que impulsionam a humanidade nos momentos mais críticos; a vida e conduta do sábio, a natureza e comportamento da mente e como dominá-la; a devoção, investigação e serviço como qualidades essenciais de quem queira conquistar a sabedoria, etc, etc. OS MISTÉRIOS DO TIBETE: A VOZ DO SILÊNCIO E O LIVRO DOS PRECEITOS DE OURO

Este livro que H. P. Blavatsky traduziu e comentou, expõe a quinta-essência da filosofia e compaixão budista e é um fragmento do antiquíssimo e oculto livro de «Os Preceitos de Ouro» tibetano. Foi traduzido para a língua portuguesa por Fernando Pessoa, que o considerou como uma das maiores jóias místicas da Antiguidade. Recomendada pelo Dalai Lama, pelo Panchen Lama e por tantas outras figuras relevantes da história, como Elvis Presley ou o grande divulgador da filosofia Zen, o doutor Suzuki. Esta obra expõe os trabalhos, provas e passagens da Alma para chegar ao Oceano de Luz do qual partira. A Voz do Silêncio ensina-nos que teremos pouco sucesso na procura de nós mesmos, ou seja, na conquista do nosso «Ego Superior», se não nos afastarmos do mundo da ilusão, se nos protegermos com a carapaça da personalidade, se olharmos o mal e a dor sem os combatermos, se chorarmos pelos efeitos mas ficarmos imóveis face às causas da desgraça humana. A FILOSOFIA DE BUDA

A base do Ensinamento de Buda é a supressão da dor e a dor não é um fenómeno nem antigo nem recente: sempre existiu. Esta dor comum aproxima-nos muito àquele que recebeu as palavras do«Iluminado». Na verdade, o exemplo de Buda é um dos mais extraordinários na história mística pela claridade, doçura, amor e verdade que se encerra na sua Mensagem. Na antiguidade, uma mensagem não era uma simples obra literária ou uma especulação mental que depois se comercializava. A Mensagem de Buda foi o fruto de uma longa série de experiências no sentido de procurar apaziguar o sofrimento dos Homens. Profundas meditações tiveram como resultado a excelente qualidade da doutrina Budista. Se recuarmos no tempo, encontrar-nos-emos perante o príncipe Sidharta Gautama em todo o seu esplendor, na corte do seu pai Sudhodhana, o rei de Kapilavastu. Embora tivesse à sua disposição imensas riquezas e uma infinidade de prazeres, o seu coração angustiava-se face a um problema: resolver o porquê da existência. CONFÚCIO E A SUA FILOSOFIA PRÁTICA

O Confucionismo persegue uma ordem social racionalizada através da Ética e baseada numa cultura pessoal. Procura a harmonia política tratando de aperfeiçoar a harmonia moral no homem. Assim, a sua característica mais assinalada foi a abolição da diferença entre Política e Ética. Fundamentalmente, a sua Doutrina contém uma atitude humanista despojada de todo o misticismo vão, interessada pelas relações essenciais entre os homens e que instaura uma ordem de vida, um regime ético-político destinado a lograr a fraternidade, a concórdia e a harmonia. Ética é a Ciência que procura harmonizar o homem para que, nele, brotem as fontes do Bem e da Justiça. É o elo que vai unir, mediante uma conduta e uma forma de ser, os sentimentos com a acção, procurando incansavelmente a essência autêntica das coisas. Política, assim como a entendia Confúcio, e com ele Platão, Pitágoras e outros grandes filósofos, é a Ciência e a Arte de conduzir, educar e harmonizar os povos elevando-os, e não arrastando-os, desde os seus fundamentos físicos e biológicos até aos cumes da realização no emocional, mental e espiritual. A Ética vai dirigida ao indivíduo e a Política vai orientada para as sociedades; por esta razão Confúcio, que não fazia distinções entre ambas, disse: “A ordem política é o fruto de uma ordem ética”.

EGIPTO

A Moral não é no Egipto um adorno intelectual, mas configura todo um estilo de vida; é o esqueleto e o sangue do esquema civilizatório. Influi nos mais pequenos aspectos quotidianos até lhe dar a altura dos Grandes Mistérios. A religião abrange todas as facetas da vida e é herdeira, como a ciência, a arte e a política, dos Conhecimentos Iniciáticos que foram sempre a seiva e vida desta árvore mágica que foi o Egipto. O trabalho é para esta cultura antiga não uma maldição bíblica, mas sim a maravilhosa oportunidade de transformar e embelezar o mundo em nosso redor e também de transformar e dignificar a alma humana. «A bênção de um artesão são as suas ferramentas de trabalho», diz uma máxima egípcia; outra expressa que «o amor pelo trabalho leva o homem perto de Deus», e outra ainda «se vais por um caminho que as tuas mãos constroem dia a dia, chegarás ao lugar aonde deves estar». Os vizires Ptahotep e Kagemni, o príncipe Hordjedef, o faraó Amenemhat I e muitos outros ainda, toda uma plêiade de sábios, legaram-nos as suas «palavras de conhecimento» que são ainda tochas que podem iluminar os nossos passos na vida.

A TRADIÇÃO GREGA

Os filósofos pré-socráticos bem como Platão e Aristóteles são parte dos fundamentos da nossa cultura Ocidental, sendo inspiração e conhecimento para quem olha os seus ensinamentos não como um totem mas como uma fonte viva e um modo de reencontro com nós próprios. Platão estabelece a sua teoria dos Arquétipos, super-modelos celestes, que guiam todas as formas de vida na natureza e na alma humana. Mostra uma «Cidade Ideal» onde as relações não estejam baseadas no interesse mas na Concórdia e na Justiça e onde o governo seja um acto puro de sacrifício e dação. O «Mito da Caverna» expõe a nossa vida de sombras na caverna do mundo, enganados pela nossa própria ignorância e manipulados pela projecção de «fantasmas» de quem rege este teatro infernal. Aristóteles desenvolve na sua Ética a Nicómaco uma verdadeira teoria da Inteligência Emocional e diz que a felicidade do homem não pode depender do estado vegetativo, porque o homem não é uma planta; nem das suas sensações de prazer, porque o homem não é um animal, mas da vida da alma de acordo com a razão, ao Dever Ser.

A SABEDORIA EM ROMA

O Estoicismo evoca a ideia de uma virtude austera, mas é uma filosofia de verdadeira e admirável moral que nos causa admiração pela força das suas ideias, que não se perde em conteúdos de raiz metafísica antes envolvendo-se numa vertente mais prática para o Homem. É uma filosofia para o quotidiano que nos permite enfrentar a dor, o infortúnio ou o temor através da prática da Virtude. Para os Estóicos a Vontade do Homem devia sobrepor-se a todos os vícios, desejos e medos, para que desse modo ele pudesse ser dono de si mesmo. Esta doutrina ganhou uma enorme projecção em Roma através de grandes figuras como Epicteto, Séneca e do imperador Marco Aurélio. Foi com os estóicos como donos do Império que a Humanidade teve os seus mais belos anos da História.

OS NEOPLATÓNICOS

Plotino foi o maior expoente do Neoplatonismo. Fundou uma Escola de Filosofia em Alexandria e posteriormente outra em Roma onde teve grande influência sobre as mais destacadas: personalidades romanas. Os seus ensinamentos filosófico-religiosos baseavam-se na Contemplação e na União com Deus. Entre várias ideias destacam-se os seus ensinamentos sobre a Tríade primordial, formada pelo Ser, Inteligência e Criação; sobre a Alma, que segundo ele não tinha o Mal como algo próprio mas sim como um agregado; e sobre a Beleza em que afirmava que para se chegar ao Belo se devia abandonar a beleza que se plasma no mundo dos sentidos. A Doutrina que transmitia a discípulos selectos, entre os quais se encontrava Porfírio, autor de uma compilação com os ensinamentos de Plotino, era pura luz e tinha como objectivo elevar a Alma desde o mundo pluralizado até ao Primeiro Princípio.

A ANTIGUIDADE DA HUMANIDADE: HISTÓRIA E MITO

A História é uma das actividades próprias do ser humano, é a memória da Humanidade que lhe deve servir como experiência para o futuro. Embora pareça um desarticulado mosaico, o seu estudo vai-nos dando chaves para a interpretação do passado humano. Muitos dos factos passados não foram relatados cronologicamente, nem objectivamente, mas sim apresentados sob a forma de Mitos, que transportavam não só feitos históricos mas também valores psicológicos e simbólicos.

SER HUMANO, SEUS RITOS E CICLOS

Hoje em dia a ideia que se tem da História é a de que ela é recta, que a Humanidade começou primeiro andar nua e com paus para se proteger e que foi progredindo até atingir o patamar mais alto que seria a actualidade. Porém esta é uma ideia errada pois houve nas brumas da História período em que o homem teve grandes avanços tecnológicos, alguns ainda não explicados pelos cientistas de hoje. Senão veja-se o exemplo das Pirâmides do Egipto que ninguém ainda sabe como foram construídas; ou então o que dizer das famosas pilhas encontradas em Bagdade e que remontam a vários milénios atrás? Já na Índia antiga, há milhares de anos atrás, se dizia que a História se movia em ciclos, como tudo na Natureza, e assim existiam períodos em que a Humanidade estaria com um alto grau de desenvolvimento em vários níveis e outros períodos obscuros, chamemos de Idades Médias, em que as formas civilizatórias se desagregariam para mais tarde se voltarem a erguer de novo em todo o seu esplendor.

FUNDAMENTOS DE UMA NOVA CULTURA

Para os filósofos e sábios antigos o Homem é imensamente velho e está presente na Terra desde as suas primeiras épocas. Assim sendo é um produto de uma longa evolução, não somente biológica mas também psicológica. Tendo, então, a Humanidade um longo passado, terá também um longo futuro em que experimentará muitas alterações, tanto a nível físico como psicológico. O que se pode extrair das civilizações passadas, como a grega ou a romana, é o seu espírito para que ele volte a animar novos feitos que se pretendem duradouros. É necessário que essa Nova Civilização se forme com um sentido filosófico e que, animada pelo mesmo espírito de beleza e de responsabilidade, saiba que tem um futuro e o construa de uma maneira científica.

Fonte: http://www.nova-acropole.pt/curso.html

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