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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A passagem do tempo, por Eugenio Mussak




O tempo passa e ficamos com a sensação de que nunca o aproveitamos como deveríamos. Existe uma maneira de conciliar a vida com o tempo, que a consome?

Os gregos, que encontravam explicação para tudo pelas forças emanadas pelo monte Olimpo, não se contentavam em ter um deus do tempo, tinham logo dois: Cronos e Kairós. Um só deus grego não seria sufi- ciente para explicar a relação do homem com o tempo, tamanha a tensão que existe entre ambos.

A única proeza em que o homem teve sucesso, a respeito do tempo, foi conseguir medi-lo. Para isso, analisou ciclos, como os movimentos da Lua e do Sol, observou seu efeito sobre a natureza e, então, padronizou os tempos do ano, das estações e dos dias, posteriormente divididos em frações, chamadas horas, minutos, segundos. Em sua arrogância, o humano acreditou que, ao medir o tempo, o controlaria. Doce ilusão. As medidas só serviram para aumentar a sensação da passagem veloz do tempo, que escorre pelas mãos, como a água.
Mas nem tudo está perdido. Nós, humanos, podemos ser apenas pobres mortais, mas temos uma ferramenta que nos permite controlar, se não o tempo, nossa própria existência. Essa ferramenta se chama consciência. E ela nos permite conviver com o tempo com base em três visões: da física, da metafísica e da ética. Do ponto de vista físico, o tempo pode ser medido. No âmbito da metafísica, o tempo pode ser sentido. E, de acordo com a ética, o tempo deve ser vivido.

A física é a relação mais óbvia, e é com um instrumento físico que nós passamos a medir o tempo: o relógio. Contudo, ele apenas nos avisa que o tempo passa – o que faremos com essa informação é problema nosso. Do ponto de vista do que está além da física, o tempo é um sentimento, portanto ele tem duração variável, contrariando os relógios. Veja só: dois minutos de broca do dentista são mais longos do que 16 minutos escutando o Bolero de Ravel ao lado da pessoa amada.


E, quanto à ética, ela nos alerta para um fato óbvio só para os mais conscientes: o tempo é um recurso escasso que não pode ser reposto, e sua qualidade dependerá do que fi- zermos com ele. Como disse Marcel Proust: “O amor é o espaço e o tempo tornados sensíveis ao coração”. E ele entendia do assunto, pois dedicou mais de uma década para escrever cerca de 4 mil páginas, que foram publicadas em sete volumes dedicados à relação humana com seus valores, entre eles o tempo. A essa obra completa, o escritor francês chamou Em Busca do Tempo Perdido. No último volume, O Tempo Reencontrado, o autor faz várias voltas ao passado e descobre que só a memória poderá se defrontar com o tempo e nossa paz interior será proporcional ao que a memória encontrar na volta ao passado, ou seja, a qualidade que demos ao tempo que nos foi dado viver.

Podemos sentir o tempo e medi-lo. Então ele está à nossa disposição?
 
O tempo está à nossa disposição, mas é ele que dispõe de nós, por isso, estabelecer com ele uma relação de paz é um ato de sabedoria. Sentir e medir o tempo são aparentados, pois ambos nos permitem perceber seu andar ininterrupto. Como? Bem, sentir e medir o passar das horas são iniciativas úteis, pois nos ajudam a decidir o que faremos com o tempo de que dispomos. Assim, nossa paz com o tempo será diretamente proporcional à paz que estabelecemos com nossas escolhas e nossas decisões. E essas são pessoais, relativas aos valores de cada um.

O cientista inglês Stephen Hawking, que ocupa na Universidade de Cambridge a mesma cadeira que já foi de Newton, escreveu um livro chamado Uma Breve História do Tempo. Em dado momento, em meio a intrincados conceitos científicos, ele pondera que o tempo tem que ser analisado com base em três setas: a seta cosmológica, que explica a expansão do Universo, a seta termodinâmica, que explica a modificação constante das coisas, e a seta psicológica.
 
Sim, o físico mais importante da atualidade não consegue analisar os fatos do tempo sem recorrer à psicologia. Os enigmas intrincados da matéria se relacionam com os mistérios do tempo desde sempre, mas, quando o homem passou a protagonizar essa peça no palco do Universo, seus pensamentos e sentimentos acrescentaram novos ingredientes ao roteiro, às vezes de comédia, às vezes de tragédia.
 
A maior contribuição da física, nesse assunto, é a ideia da relatividade. As sofisticadas descobertas de Einstein sobre a velocidade da luz nos levaram a abandonar a ideia de tempo único e absoluto. Então: “O tempo se tornou um conceito mais pessoal, relativo ao observador que o está medindo”, diz Hawking. Nossa relação com o tempo se faz baseada em nossos valores, opções, decisões e culpas. É o tempo psicológico. Eu dedico mais tempo àquilo que tem mais valor para mim. O problema é conhecer seus valores.
Voltando aos gregos, Cronos é o deus do tempo medido, por isso usamos expressões como cronograma, cronologia, cronômetro. Nos livros de mitologia, ele é representado como um deus malvado, que come seus próprios filhos, simbolizando o que o tempo faz conosco atualmente – parece que ele nos devora. Já Kairós é o deus do tempo vivido, das escolhas que fazemos, da maneira como nós aproveitamos a vida. Cronos é quantitativo, e Kairós é qualitativo.

A primeira sensação é a de que Cronos é inimigo e Kairós amigo. O primeiro quer subjugar, e o segundo libertar. Mera sensação, pois, na prática, nós precisamos de ambos, uma vez que não podemos escolher a felicidade sem nos organizarmos para alcançá-la. Kairós nos estende a mão, Cronos nos empurra. Mas é necessário que saibamos o que queremos e que consigamos nos organizar.

A sabedoria consiste em estabelecer uma conexão entre os valores pessoais e a gestão do tempo disponível?

A mitologia ilustra bem essa angústia humana. Zeus, o mais poderoso deus do Olimpo grego, era filho de Cronos, mas nenhum dos dois conhecia esse parentesco, mantido em segredo por Réa, mãe dos filhos de Cronos. Mas Zeus só assume a posição de poder quando enfrenta Cronos e o vence em uma batalha. Ele havia sido sabiamente aconselhado a não matar seu oponente, pois assim ele estaria matando o próprio tempo e ficaria, então, aprisionado no instante, sem futuro nem memória.

A estratégia de Zeus foi vencer Cronos, cortando seus tendões e amarrando sua cabeça aos pés, criando um círculo com seu corpo. A partir de então, o deus do tempo passou a ser também o deus das ações repetitivas, como o dia e a noite e as estações do ano, eventos cíclicos.

Na prática, Zeus conquistou Cronos e o dominou, administrou. Nossa vida moderna não difere disso. Todos temos 24 horas por dia à nossa disposição, mas estou certo de que você conhece pessoas que aproveitam bem essas horas, produzem, trabalham, estudam, se cuidam, se divertem, cultivam as relações. E também conhece outros, que se queixam da falta de tempo, da velocidade dos acontecimentos, da sensação de impermanência e da falta de controle. Na prática, o que acontece mesmo é exatamente a falta de controle, de ação da lógica na organização de suas prioridades. A agenda não escraviza – ao contrário, liberta, confere autonomia, possibilidades, alcances.
 
Mas gestão é a segunda palavra -chave. A primeira é escolha. Fazemos nossas escolhas com base em nossos valores e criamos uma estratégia para atingir nossos propósitos. Estratégias dependem de recursos, entre eles, o mais caro e raro: o tempo.

O ideal seria estabelecer uma relação lógica entre presente, passado e futuro?

Muito se fala que a única coisa real é o presente, pois o passado não existe mais e o futuro ainda está por vir. Há uma lógica nessa observação, mas é uma lógica primitiva, pois esses tempos são totalmente interligados e interdependentes.
 
É verdade que o presente é a única realidade prática, mas também é verdade que é nesse instante que se inserem o passado e o futuro. Na dimensão temporal atual, o passado recebe o nome de memória e o futuro tem vários pseudônimos, como sonho, desejo, medo e esperança.
 
O futuro não é algo que vai existir. O futuro existe agora. Aliás, o futuro só existe no presente, pois, quando no futuro, o futuro virar presente, ele deixará de ser futuro. Parece óbvio, mas escapa da percepção cotidiana da maioria das pessoas. E escapa também o fato de que o futuro virará presente e, quando isso acontecer, ele será melhor ou pior, a depender das providências tomadas no presente, neste exato momento.
 
Em outras palavras, só vivemos no presente, mas estamos fortemente conectados ao passado, que nos ensina, e ao futuro, que nos motiva. Viver é estar atado a essa tríade temporal, doce ou amarga, dependendo da consciência de cada um. Fazer as pazes com o tempo é a verdadeira sabedoria. Só que “a sabedoria não se transmite, é preciso que nós a descubramos fazendo uma caminhada que ninguém pode fazer em nosso lugar e que ninguém nos pode evitar, porque a sabedoria é uma maneira de ver as coisas”, também disse Proust.
Sim, a sabedoria é uma maneira de ver as coisas, mas isso exige intenção, disposição e coragem. O problema é que desenvolvemos essas três qualidades em épocas diferentes de nossa vida, por isso a maturidade às vezes tarda, depende do tempo.
 
O mesmo tempo que exige maturidade para ser bem escolhido e controlado, em outras palavras, para ser muito bem vivido.


Fonte: Revista Vida Simples

Imagem:ideiaseantiteses.blogspot.com

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O ser, o tempo e a técnica, por Régis de Oliveira Montenegro barbosa *


Cônscios das facilidades propiciadas pelo avanço tecnológico da sociedade moderna, mas não sem pagar alto preço, assistimos à degradação da humanidade na seara ética. É como na história do sapo que posto no interior de uma panela imerso em água, cujo calor é paulatinamente elevado, nela permanece até que venha a fenecer por não se dar conta do gradual aumento da temperatura. Seduzidos pela técnica, fustigados pela azáfama cotidiana e sob o encantamento produzido pela máquina, estamos embevecidos, com olhos fixos no visor do celular, do computador, do televisor etc. Perdemos, todavia, o que está no entorno, o mistério e a magia da vida.

Portadores de uma consciência que se esgota no grupo, reféns do inconsciente coletivo junguiano, deixamos de atingir uma consciência individualizada. Cultiva-se o que é saliente e visto, não o que está oculto, em afronta ao aforismo de Antoine de Saint-Exupéry de que “o essencial é invisível aos olhos”. Cada vez menos vicejam a poesia, a sensibilidade, o encantamento. Tais posturas anímicas não raro são acoimadas de parvoíce e pusilanimidade. Parece que nem somos suscetíveis a fragilidades naturais como as que são ínsitas à condição humana.

A cultura do livro cedeu espaço à indústria cultural, o que caracteriza a atual sociedade do espetáculo. Adotamos postura estereotipada, forjada pela cultura de massa, a retratar uma mentalidade de rebanho. Frutos de uma sociedade midiática que forja ídolos que se sustentam porque existem idólatras que, com tal atitude, se desconectam de sua força e sabedoria interiores. Vivenciamos uma “sociedade em rede”, sob exortação de nela permanecermos plugados. Instala-se, então, um mundo virtual, artificial, à margem do mundo concreto e natural, a ponto de aquele assumir maior significância.

Tido por um dos críticos da sociedade da técnica, para o filósofo alemão Martin Heidegger esta desviou o homem da indagação pelo sentido do ser, pelo significado mais profundo da existência humana.

Outro efeito colateral é a sensação de aceleração do tempo. Somos “levados de roldão” por uma engrenagem movida pelo combustível do capital, com potencial de desembocar no autofagismo, a ponto de nos tornarmos timoratos de que venha a se cumprir o vaticínio maia de que ocorrerão catástrofes naturais já no vizinho ano de 2012, aptas a provocarem o ocaso da existência humana nas condições conhecidas.

Pena que para comer a polpa da fruta tenhamos que engolir o caroço!


*Juiz de Direito, graduando em Filosofia

Fonte: Jornal Zero Hora
Imagem em: tudoecomentado.blogspot.com/2009_11_01_archiv.. 

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

O valor verdadeiro do tempo

Todo o dia é depositado em sua conta 86.400 para você gastar da forma que bem entender.

Se você mantivesse um diário cuidadoso de todas as suas atividades por um perí­odo de sete dias, ficaria chocado e envergonhado com o numero de horas que desperdiça por semana fazendo um pouco mais que nada.

A cada hora, você tem disponí­vel 3.600 segundos, em sua conta bancaria do tempo, e como você investe este tempo, é que define se seu dia vai ser grandioso ou vai ser miserável.

Quer saber quanto vale um minuto? Pergunte para um empresário que perdeu um grande negócio, pois seu avião atrasou um minuto. Quantos de nós não passamos a vida inteira repetindo para si mesmo Vou modificar isso assim que tiver um pouco mais de tempo.

Todavia a verdade é que todos temos 24:00 Horas por dia ou 86.400 segundos, seja você um Mecânico, um grande advogado, Empresário ou o Zé mane.

E mesmo que você ganhe rios de dinheiro, ou seu nome tenha grande influência não poderá obter de forma nenhuma mais tempo do que aquele que é depositado em sua conta todos os dias.

O tempo é a única coisa que possuí­mos. Nosso sucesso depende da forma como o utilizamos e de seu subproduto, ás horas ociosas.

Nós que estamos nesta corrida por mais dinheiro, mais conhecimento e mais segurança, precisamos nos lembrar de que temos um perí­odo de 24:00 Horas divididos em 8:00 Horas para dormir(opcional) 8:00horas para trabalhar e 8:00horas para o estudo e para a diversão.

Pense naqueles 15 minutos ociosos antes do café da manhã, da oportunidade de ler, refletir ou concentrar-se em sua própria carreira.

Todas as oportunidades são subprodutos de sua existência diária. No momento que você começar a usar todos os minutos ociosos, vai descobrir, o lucro que está agregado na utilização da ociosidade.

Aqueles minutos que você não da importância vale mais que você imagina. Caso você venha a perder uma fortuna pode recuperar-se pelo trabalho, ou por uma boa idéia, o saber perdido pode tornar a achar-se pelo estudo: a saúde pelos remédios: mas o tempo perdido, esse nunca mais se encontra.

Nosso propósito na vida não deve ser o de estar na frente dos outros, mas estar na frente de nós mesmo: quebrar nossos próprios recordes, andar, hoje mais depressa que ontem.

Aproveitar ao Máximo, a fortuna que é depositada em nossa conta bancaria do tempo e usar este tempo para desenvolver nosso melhor.

Não perder tempo com noticias e depois ficar comentando estas noticias, contaminadas de sangue e falcatruas, pois nosso comentário em torno de tal assunto só prejudica o ambiente onde vivemos e nos faz perder tempo.

Tempo, com ele tudo é possí­vel, sem ele, nada.

A propósito você tem um tempinho hoje?

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