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domingo, 19 de dezembro de 2010

Prova com questões respondidas - Professor de Lógica e Epistemologia - UFFS - FEPESE - 2010

 
PROVA DE CONHECIMENTOS

1. A respeito das diferentes concepções de ciência e verdade em Platão e Aristóteles, assinale a alternativa falsa:
a. ( ) Aristóteles considerou a lógica como uma disciplina de preparação (propedêutica) para o melhor desenvolvimento das ciências.
b. ( X ) O único ponto de continuidade entre o pensamento platônico e o aristotélico acerca do conhecimento era que ambos consideravam os sentidos como a fonte de toda a confusão (que conduzem à doxa - opinião).
c. ( ) À diferença de Platão, para quem a dialética era o único método válido, Aristóteles distinguia a dialética da analítica. Para ele, a dialética só comprova as opiniões por sua consistência lógica, ao passo que a analítica trabalha de forma dedutiva, a partir de princípios que se apoiam sobre uma observação precisa.
d. ( ) No Órganon, Aristóteles expõe um método positivo para a ciência, que permite considerá-la um saber demonstrável: só se pode chamar de ciência aquilo que é metódico e sistemático, ou seja, lógico
e. ( ) No conjunto de obras que formam o Órganon aparecem primeiramente "Categorias", a seguir "Sobre a interpretação", "Analíticos" (Primeiros e Segundos), "Tópicos" e finalmente "Elencos sofísticos".

2. Segundo a teoria dos silogismos, há quatro tipos de proposições categóricas, que diferem em qualidade e em quantidade, são elas: A, E, I e O.
Assinale a alternativa falsa:
a. ( ) I é subalterna de A.
b. ( ) O é subalterna de E.
c. ( ) I e O são subcontrárias.
d. ( X ) A e E são proposições complementares.
e. ( ) A e O, e I e E são proposições contraditórias.

3. Platão lançou mão tanto da ironia quanto da maiêutica socráticas, transformando-as em um procedimento por ele denominado de dialética, o método mais profícuo de aproximação em direção às ideias universais.
Na versão platônica, esse método consiste em:
a. ( X ) trabalhar expondo e examinado teses contrárias sobre um mesmo assunto, com o intuito de descobrir qual dentre elas era falsa e deveria portanto ser abandonada em prol da tese verdadeira, que deveria ser mantida.
b. ( ) examinar detidamente as raízes socioeconômicas nas quais as ideias tiveram origem, isto é, trata-se de descobrir as leis fundamentais que definem a forma organizativa dos homens em sociedade para, assim, identificar as teses verdadeiras.
c. ( ) dialogar longamente utilizando técnicas de persuasão ou convencimento - retóricas - com o objetivo de convencer a audiência da veracidade dos argumentos.
d. ( ) estimular o processo de proliferação de ideias férteis através do mecanismo tese (primeira afirmação sobre o ser) - antítese (a negação da afirmação precedente) - síntese (a negação da negação, momento no qual tese e antítese aparecem reformuladas).
e. ( ) defender que a prática da atividade filosófica não pode prescindir da prática do diálogo e que somente através dele seria possível entender a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação.?

4. Segundo Platão, quatro formas ou graus de conhecimento poderiam ser identificados e distinguidos.
Assinale a alternativa onde as quatro formas aparecem hierarquicamente ordenadas.
a. ( ) opinião, intuição intelectual ,crença e raciocínio.
b. ( ) intuição, crença, opinião justificada e raciocínio.
c. ( X ) crença, opinião, raciocínio e intuição intelectual.
d. ( ) crença, crença justificada, raciocínio primitivo e raciocínio fundamentado.
e. ( ) crença, opinião justificada, raciocínio e argumento.

5. A primeira classificação geral das ciências foi realizada por Aristóteles, que as dividiu hierarquicamente em três grupos.
Assinale a alternativa que ordena corretamente os tipos, obedecendo ao critério da superioridade-inferioridade:
a. ( ) teoréticas (ou contemplativas), aplicadas (relativas à aplicação prática) e lógicas (relativas às regras do correto raciocínio).
b. ( ) teoréticas puras (ou naturais), teoréticas aplicadas (ou sociais) e páticas (ou da ação humana).
c. ( ) lógicas (relativas às regras do correto raciocínio), teoréticas (ou contemplativas) e práticas (ou da ação humana).
d. ( X ) teoréticas (ou contemplativas), práticas (ou da ação humana) e produtivas (ou relativas à fabricação e às técnicas).
e. ( ) lógicas (relativas às regras do correto raciocínio), teoréticas (ou contemplativas) e instrumentais (relativas à fabricação de instrumentos).

6. Leia o argumento abaixo.
- Todos os animais são mortais.
- Alguns répteis são animais.
- Alguns répteis são mortais.
Assinale a alternativa que indica se o argumento é um silogismo válido ou inválido e, se for este o caso, qual regra violou.
a. ( X ) Este é um silogismo que atendeu às regras da validade silogística.
b. ( ) O argumento anterior é um silogismo inválido porque o termo "mortais" está distribuído na conclusão, mas não na premissa.
c. ( ) Este silogismo é inválido porque tem duas premissas particulares.
d. ( ) Este silogismo é inválido, porque o termo médio nunca está distribuído, pois em ambas as premissas é predicado.
e. ( ) Este silogismo é inválido porque a conclusão é particular, mas uma das premissas é universal.

8. Existem certas características básicas que diferenciam os argumentos dedutivos dos indutivos.
Analise as características abaixo:
1. A conclusão encerra informação que nem implicitamente estava contida nas premissas.
2. Se todas as premissas forem verdadeiras, a conclusão também será, necessariamente.
3. Toda a informação ou conteúdo factual da conclusão já estava, pelo menos implicitamente, contido nas premissas.
4. Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é provavelmente - porém não necessariamente - verdadeira.
Assinale a alternativa que relaciona corretamente as características acima ao respectivo tipo de argumento.
a. ( ) 1. dedutivo; 2. dedutivo; 3. indutivo; 4. indutivo.
b. ( ) 1. dedutivo; 2. indutivo; 3. indutivo; 4. dedutivo.
c. ( ) 1. dedutivo; 2. indutivo; 3. dedutivo; 4. indutivo.
d. ( X ) 1. indutivo; 2. dedutivo; 3. dedutivo; 4. indutivo.
e. ( ) 1. indutivo; 2. indutivo; 3. dedutivo; 4. dedutivo.

9. Um silogismo é considerado válido apenas se satisfizer todas as regras da validade silogística.
Assinale a alternativa que não corresponde a uma regra silogística.
a. ( ) Um silogismo deve ter exatamente três termos: um termo maior, um menor e um médio.
b. ( ) O termo médio deve aparecer nas duas premissas e jamais na conclusão.
c. ( ) A conclusão não pode conter o termo médio, já que a função deste se esgota na ligação entre os termos maior e menor.
d. ( ) De duas premissas particulares nada poderá ser concluído, pois o termo médio não terá sido tomado em toda a sua extensão.
e. ( X ) O termo médio não pode ser tomado em toda a sua extensão nenhuma vez, caso contrário ele não poderia fazer a ligação entre o maior e o menor.

10. Teste a validade do argumento seguinte, utilizando tabelas de verdade.
- O livre-arbítrio é possível ou somos joguetes dos Deuses.
- Se o livre-arbítrio for possível, não somos joguetes dos Deuses.
- Logo, não somos joguetes dos Deuses.
Seja:
P = O livre arbítrio é possível e
Q = Somos joguetes dos Deuses
Assinale a alternativa correta.
a. ( ) A forma dada é inválida porque tanto na circunstância em que P é falsa e Q verdadeira como na circunstância em que tanto P como Q são falsas, a premissa é verdadeira e a conclusão, falsa.
b. ( ) A forma dada é válida, tendo em vista que não há circunstância alguma na qual as premissas sejam verdadeiras e a conclusão, falsa.
c. ( X ) O argumento dado é inválido porque na circunstância em que P é falsa e Q verdadeira, as premissas são verdadeiras e a conclusão, falsa.
d. ( ) O argumento dado é inválido porque na circunstância em que Q é falsa e P é verdadeira, as premissas são verdadeiras e a conclusão, falsa.
e. ( ) O argumento dado é inválido porque na circunstância em que Q e P são ambas falsas, as premissas são verdadeiras e a conclusão, falsa.

13. Analise as afirmativas abaixo, com relação aos conceitos de validade, contradição, contingência e satisfatibilidade:
1. Diz-se que uma fórmula A é logicamente válida (ou logicamente verdadeira) se e somente se é verdadeira para todas as interpretações.
2. Uma fórmula A é contraditória (ou logicamente falsa) se e somente se é falsa para qualquer interpretação, ou se e somente se sua negação for logicamente válida.
3. Uma fórmula A é contingente se e somente se ela for verdadeira para algumas interpretações e falsa para outras.
4. Uma fórmula é satisfatível se existe pelo menos uma interpretação, tal que haja uma sequência s de elementos do domínio da interpretação que satisfaça a fórmula dada.
5. Como todas as tautologias são fórmulas válidas, necessariamente teremos que todas as fórmulas válidas precisam ser consideradas tautologias.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 5.
b. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 5.
c. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
d. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 5.
e. ( X ) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

14. Com relação à lógica dita clássica, é incorreto afirmar:
a. ( ) O objeto da lógica é a proposição, que é a expressão dos juízos formulados pela razão humana.
b. ( X ) A lógica estuda e define as regras do raciocínio correto, porém não é de sua competência estabelecer os princípios que as proposições devem seguir.
c. ( ) Quando se atribui um predicado a um sujeito, temos uma proposição.
d. ( ) O raciocínio lógico se expressa através de proposições conectadas, e essa conexão chama-se silogismo.
e. ( ) Existem determinados princípios que toda proposição e todo silogismo devem seguir para serem considerados verdadeiros.

15. Assinale a alternativa que indica as 3 leis básicas da lógica hoje dita aristotélica.
a. ( X ) lei da identidade (A=A), lei da não-contradição - nenhuma afirmação pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo - e a lei do terceiro excluído, segundo a qual A é A ou não é A.
b. ( ) lei da não-contradição - nenhuma afirmação pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo -, a lei do terceiro excluído, segundo a qual A é A ou não é A, e lei da razão suficiente: tudo o que existe tem a sua razão de ser.
c. ( ) lei da identidade (A=A), lei da razão suficiente: tudo o que existe tem a sua razão de ser, e a lei de bivalência, segundo a qual para toda proposição, ela ou a sua negação precisa ser verdadeira.
d. ( ) lei de bivalência, segundo a qual para toda proposição, ela ou a sua negação precisa ser verdadeira, a lei da não-contradição - nenhuma afirmação pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo -, e a lei da causalidade, segundo a qual tudo que ocorre tem uma causa.
e. ( ) lei da não-contradição - nenhuma afirmação pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo, a lei da causalidade, segundo a qual tudo que ocorre tem uma causa, e lei do terceiro excluído, segundo a qual A é A ou não é A.

20. É sabido que várias lógicas modernas ditas não clássicas, ou "heterodoxas" violam algumas das três leis da lógica clássica.
A esse respeito, analise as afirmativas abaixo.
1. Tanto as lógicas paraconsistentes quanto as intuicionistas violam o princípio da razão suficiente.
2. As lógicas paraconsistentes violam a lei da não-contradição.
3. As lógicas intuicionistas violam a lei do terceiro excluído e o princípio da identidade.
4. Lógicas não reflexivas são aquelas lógicas heterodoxas para as quais não vale a lei da identidade. Este é o caso, por exemplo, da lógica quântica.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
b. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
c. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
d. ( X ) São corretas apenas as afirmativas 2 e 4.
e. ( ) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.

21. Com relação à lógica paraconsistente em comparação com a lógica clássica, podemos afirmar:
1. Toda teoria dedutiva (T) baseada na lógica clássica é inconsistente se, e somente se, é trivial.
2. Uma lógica é dita paraconsistente, se pode ser usada como a lógica subjacente para teorias inconsistentes e triviais, que são chamadas teorias paraconsistentes.
3. Historicamente, o pensamento paraconsistente começa no ocidente com Heráclito de Éfeso. Desde então diversos filósofos (dentre os quais podemos citar Hegel e Marx) têm argumentado que as contradições são fundamentais para a compreensão da realidade.
4. Alguns dos campos mais férteis de aplicações da lógica paraconsistente são o da ciência da computação, da engenharia, da medicina, por exemplo.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
b. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
c. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
d. ( X ) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
e. ( ) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

22. Se há um ponto de consenso entre os filósofos e historiadores da lógica, este é a posição eminente que goza Gottlob Frege (1848-1925). Frege é tido como um dos maiores lógicos da modernidade e, indubitavelmente, aquele que mais colaborou para o avanço no campo da lógica matemática.
Sobre suas contribuições, é incorreto afirmar:
a. ( ) Em seu pequeno livro Begriffsschrift aparece pela primeira vez o desenvolvimento axiomático inteiramente formalizado do cálculo sentencial, consistente e completo.
b. ( ) Uma das várias contribuições importantes de Frege abrange também a quantificação de predicados ou de variáveis de classe.
c. ( ) Sua descoberta notável consistiu em mostrar que a aritmética, e com ela boa parte da matemática, podiam ser sistematizadas a partir da lógica.
d. ( ) Frege, ao introduzir quantificadores, axiomas e regras em seu sistema formal, acaba por obter um sistema de cálculo de predicados de primeira ordem, que é completo.
e. ( X ) O trabalho de Frege foi muito bem recebido pelos matemáticos da época, que costumavam cometer muitos erros em suas demonstrações e por isso encontraram na sistematização do raciocino matemático um grande auxílio.

23. Em sua obra Crítica da Razão Pura, o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) compara a revolução copernicana com a mudança operada por ele próprio na relação entre sujeito e objeto no processo cognitivo.
Analise as afirmativas abaixo sobre essa "revolução", que Kant teria causado na filosofia.
1. Tanto racionalistas quanto empiristas concentravam-se em questões referentes aos objetos do conhecimento. Kant inverte os termos e coloca a própria razão humana no centro, como ponto de partida do questionamento.
2. Em resposta à controvérsia entre racionalistas e empiristas, que tomavam como centro de suas argumentações a própria razão humana, Kant revoluciona a filosofia tomando como ponto de partida a realidade exterior.
3. O que Kant defendia é que o sujeito possui as condições de possibilidade de conhecer qualquer coisa, ou seja, possui as "regras" através das quais os objetos podem ser reconhecidos.
4. O que o homem pode conhecer é profundamente marcado pela maneira - humana - pela qual conhecemos.
5. As leis do conhecimento, para Kant, estariam nos objetos do mundo, e não no próprio homem.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
b. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2 e 5.
c. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
d. ( X ) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
e. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2, 4 e 5.?

24. Durante o século XVIII, quando viveu Kant, o debate em teoria do conhecimento estava dividido entre o empirismo e o racionalismo.
Analise as afirmativas abaixo, a respeito da crítica e da posição kantianas nessa disputa.
1. Para Kant, a ciência é constituída por juízos sintéticos a priori, isto é, por juízos universais nos quais o predicado exprime algo de novo, já contido no sujeito.
2. Racionalistas erraram, segundo a crítica kantiana, pois acreditavam que o conhecimento científico consistiria em juízos sintéticos a posteriori.
3. As concepções empiristas acerca da ciência estariam equivocadas ao identificá-la com os juízos analíticos a priori.
4. Para Kant, o conhecimento não é fruto nem do sujeito, nem do objeto, mas sim da síntese da ação combinada entre ambos.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
b. ( X ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
c. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2 e 4.
d. ( ) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.
e. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.

25. Kant mostrou que a estrutura do pensamento se dá sob a forma de juízos. A partir dessa hipótese, elaborou as doze formas de juízos possíveis, que segundo ele estariam na base de todo processo de entendimento. Essas formas de juízos se classificariam em quatro grupos. Além disso, os juízos também são classificados em três espécies.
Assinale a alternativa incorreta no tocante a estas subdivisões.
a. ( X ) Segundo a Qualidade, os juízos seriam Positivos, Negativos ou Neutros.
b. ( ) Quanto à Relação, podem ser Categóricos, Hipotéticos ou Disjuntivos.
c. ( ) Quanto à Espécie, os juízos seriam analíticos, sintéticos a priori e a posteriori.
d. ( ) De acordo com a Quantidade, os juízos podem ser Universais, Particulares ou Singulares.
e. ( ) Quanto à Modalidade, Possíveis (Problemáticos), Reais (Assertórios) ou Necessários (Apodíticos).

26. O falseacionismo foi uma proposta de demarcação científica inovadora em vários aspectos.
Segundo o critério popperiano, é incorreto afirmar:
a. ( ) Resumidamente, o que define o estatuto de cientificidade de uma teoria é a sua capacidade de ser testada e, consequentemente, falseada.
b. ( ) Logicamente, pode-se dizer que o ponto de ruptura entre o critério popperiano e o da concepção herdada baseia-se no fato de que o modus ponens é mais fraco do que o modus tollens.
c. ( X ) A teoria psicanalítica de Freud poderá ou não ser classificada como científica, dependendo de sua capacidade de explicar e prever os casos a que se refere.
d. ( ) Em sua formulação original, o marxismo era uma teoria científica; isto é, fazia previsões testáveis como, por exemplo, a da "revolução social vindoura".
e. ( ) Segundo Popper, podem existir teorias puramente tautológicas - ou não empíricas - (como a lógica e a matemática) que também se coadunam com o falseacionismo.

27. Considere a epistemologia popperiana e seu posicionamento acerca da possibilidade de progresso na ciência e analise as afirmativas abaixo.
1. Popper insistiu que, através de testes severos das teorias, os cientistas levam a cabo um processo racional de aproximação da verdade, aumentando de forma progressiva o conhecimento.
2. Sobre progresso científico Popper manteve teses evolucionistas, no seguinte sentido: as melhores teorias são as que vão sendo validadas ao longo da história, por meio da verificação empírica.
3. Preferimos uma teoria à outra, em última instância, porque é mais verossímil, ainda que nunca possamos demonstrar de uma teoria que ela é verdadeira.
4. Não se pode afirmar que Popper acreditasse no progresso cumulativo do conhecimento, pois ao romper com o racionalismo de Descartes e Leibniz, ele defendeu veementemente que não existe método de verificação científica.
5. O aumento do conteúdo empírico das teorias, e o fato de as novas teorias terem de explicar também o que as anteriores explicavam levaram Popper a conceber o progresso científico como uma paulatina aproximação da verdade.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
b. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
c. ( ) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.
d. ( X ) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 5.
e. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2, 4 e 5.

28. O esquema analítico kuhniano (desenvolvido fundamentalmente em sua obra A Estrutura das Revoluções Científicas) defende que a evolução da ciência ocorreria através de uma sucessão de períodos de "ciência normal" esporadicamente rompidos por "revoluções científicas".
Sobre a noção de "paradigma" e seus problemas, é incorreto afirmar:
a. ( ) No pós-escrito à segunda edição de sua obra, Kuhn reconhece ter formulado o conceito de paradigma de maneira ambígua, o reformula e passa a denominá-lo "matriz disciplinar".
b. ( ) É possível entender o conceito de paradigma num sentido global, sociológico, que determina o conjunto de crenças e métodos compartilhados pela comunidade científica.
c. ( ) Em um sentido estrito, o paradigma deve ser entendido como a constelação de exemplos clássicos, compartilhados e aceitos sem questionamentos pela comunidade - os "exemplares".
d. ( ) Somente a consolidação de um paradigma pode caracterizar o empreendimento de uma comunidade como sendo científico. E é o estudo dentro do paradigma constituído o que capacitará o estudioso de uma ciência a se integrar numa comunidade científica.
e. ( X ) Segundo Kuhn, a ciência seria o único empreendimento humano que promoveria um acúmulo crescente e linear do conhecimento humano. Acerca desta questão ele não divergia de Popper.

29. Analise o texto abaixo:
"[...] nem a ciência nem o desenvolvimento do conhecimento têm probabilidades de ser compreendidos se a pesquisa [for] vista apenas através das revoluções que produz de vez em quando"(...) "Um olhar cuidadoso dirigido à atividade científica dá a entender que é a ciência normal,onde não ocorrem os tipos de testes de Sir Karl, e não a ciência extraordinária que quase sempre distingue a ciência de outras atividades. A existir um critério de demarcação (entendo que não devemos procurar um critério nítido nem decisivo), só pode estar na parte da ciência que Sir Karl ignora."
Kuhn, "Reflexões sobre meus críticos". In: Lakatos, I.; Musgrave, A. (orgs.), A crítica e o desenvolvimento do conhecimento. São Paulo: Cultrix,1979, p. 11.
Identifique as afirmativas abaixo como verdadeiras ( V ) ou falsas ( F ).
A famosa polêmica Popper-Kuhn, brevemente ilustrada no trecho acima, teve como alguns de seus pontos-chave:
( ) Numa situação de crise, a disputa entre o paradigma até então dominante e o candidato a novo não pode ser decidida por critérios unicamente racionais, como queria Popper. Para Kuhn, a substituição da antiga pela nova abordagem assume a natureza de uma conversão quase que religiosa, envolvendo uma mudança-Gestalt.
( ) Em termos kuhnianos, poder-se-ia dizer que Popper entendia e procurava explicar a ciência como um empreendimento em eterna "revolução", o que estaria em total desacordo com o que de fato teria ocorrido nos episódios mais marcantes da história da ciência.
( ) Um dos pontos mais polêmicos da proposta kuhniana foi o fato de ele não ter se preocupado em estabelecer, à risca, uma linha fronteiriça entre ciência e não ciência. Para ele existiriam, no âmago da própria ciência, elementos que são claramente sociológicos, como autoridade, hierarquia e grupos de referência.
( ) A tendência a preservar teorias e torná-las imunes à crítica, que Popper relutantemente aceita como sendo um afastamento da ciência de prática superior, torna-se a norma do comportamento do cientista, na proposta de Kuhn.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.
a. ( X ) V - V - V - V
b. ( ) V - V - F - F
c. ( ) V - F - V - F
d. ( ) F - V - F - V
e. ( ) F - F - V - V

30. A despeito do fato de nunca ter recebido nenhum treinamento formal em História, Thomas Kuhn conseguiu com seu livro transformar radicalmente tanto a história quanto a filosofia da ciência do século XX. Por isso, não é incomum que sua obra seja considerada como "revolucionária".
Com relação ao antes e depois dessa "revolução kuhniana" na Epistemologia, podemos afirmar:
1. Antes de A Estrutura, tanto o filósofo alemão Rudolf Carnap - um dos mais eminentes membros do Círculo de Viena - quanto Karl Popper afirmavam que o progresso e o êxito da ciência são decorrentes da aquisição de um método próprio, rigoroso, válido para todas as ciências e aplicável independentemente das contingências históricas e culturais.
2. A metodologia do falseacionismo popperiano é evidentemente normativa; ou seja, prescreve o que deve ser a boa prática científica. Esse é mais um ponto de continuidade entre a versão herdada e a concepção de Popper, com o qual Kuhn romperá drasticamente.
3. Seguindo a trilha aberta por Thomas Kuhn, surgiu toda uma tradição de pesquisa que ficou conhecida como a Nova Filosofia da Ciência, reunindo nomes como Karin Knorr-Cetina, Bruno Latour e Steve Woolgar.
4. Depois de Kuhn, ficou patente que a distinção entre linguagem observacional e linguagem teórica não era tão clara quanto se imaginava. Uma das razões para isso é a chamada "impregnação das teorias pelas evidências".
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
b. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
c. ( X ) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
d. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
e. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4. 
 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Professor de Filosofia , confira o estilo da prova da Fundação Carlos Chagas


 
Uma prova para treinar e verificar o estilo da prova da Fundação Carlos Chagas.
Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Secretaria de Estado da Educação - Sergipe - Fundação Carlos Chagas - 2003
 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

21. O mito é essencialmente uma narrativa (...) que não se define apenas pelo tema ou objeto da narrativa, mas pelo modo de narrar. (M. Chaui)

O modo de narrar característico do pensamento mítico pode ser corretamente definido como uma forma que recorre
(A) à fantasia somente para descrever o sobrenatural.
(B)) ao mágico para descrever o mundo e o homem.
(C) à experimentação para explicar a natureza.
(D) à descrição para compreender o progresso histórico.
(E) à experimentação para descrever o mundo e a história.
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22. A razão grega é a que de maneira positiva, refletida, metódica, permite agir sobre os homens, não transformar a natureza. Dentro de seus limites como em suas inovações, é filha da cidade. (J. P. Vernant)

A partir desse excerto de Vernant, é correto afirmar que em sua visão:
(A) a expressão "milagre grego" descreve corretamente a continuidade entre o pensamento mítico e o surgimento da filosofia.
(B) o surgimento da filosofia permitiu aos gregos o desenvolvimento de tecnologias que impulsionaram seu desenvolvimento econômico.
(C)) o surgimento da filosofia é solidário da nova ordem política das cidades gregas na qual o debate público ocupa lugar central.
(D) a filosofia é a principal causa da urbanização crescente das colônias gregas a partir do século VII a.C.
(E) a democracia do mundo rural grego foi fruto do embate das doutrinas filosóficas e políticas florescidas a partir de Sócrates.
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23. A maior parte dos primeiros filósofos considerava como os únicos princípios de todas as coisas os que são da natureza da matéria. Aquilo de que todos os seres são constituídos e de que primeiro são gerados e em que por fim se dissolvem, tal é para eles o elemento, o princípio dos seres; e por isso julgam que nada se cria nem se destrói, como se tal natureza subsistisse para sempre. (Aristóteles)

É correto afirmar que, no trecho acima, Aristóteles refere- se:
(A) à cosmogonia de Hesíodo que, em seus poemas, apresentou uma visão filosófica da natureza.
(B) às especulações dos sofistas, caracterizadas por seu relativismo quanto ao conhecimento da natureza.
(C) à perspectiva antropológica das reflexões socráticas sobre o homem, a justiça e a virtude.
(D) à visão platônica de um mundo das idéias, caracterizado pela existência de formas eternas.
(E)) à busca, por parte dos filósofos pré-socráticos, do princípio gerador do devir e da permanência do mundo.

24. Assim, pois, a virtude é um hábito de escolha, que se acha no meio termo em relação a nós, determinada pela razão e, como faria um sábio, eqüidistância entre dois vícios, um por excesso, o outro por falta. (...) Por isso é também grande e árdua a empresa a realizar-se: pois é grande empresa encontrar o meio termo de cada coisa, como achar o centro do círculo não é para qualquer um, mas para quem sabe. (Aristóteles)

A partir do trecho acima, pode-se afirmar corretamente que, para Aristóteles, a virtude (excelência moral) é o meio termo entre
(A) dois vícios: o mal absoluto e o bem supremo.
(B) duas faculdades complementares: o hábito e a escolha.
(C) dois elementos conflitantes: a razão e o hábito.
(D)) dois extremos: o mal por excesso e o mal por falta.
(E) dois vícios: a falta de razão e o excesso de razão.
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25. Pois eu, Atenienses, devo essa reputação exclusivamente a uma ciência. Qual vem a ser essa ciência? A que é, talvez, a ciência humana. É provável que eu a possua realmente, os mestres mencionados há pouco possuem, quiçá, uma sobre-humana. (Platão)

Esse trecho, retirado da Apologia de Sócrates, é uma ilustração frisante:
(A)) do caráter antropológico da reflexão socrática.
(B) do ceticismo radical das especulações socráticas.
(C) da identidade entre o pensamento socrático e a cosmologia de Tales.
(D) da continuidade entre sua doutrina e o pensamento mítico.
(E) do surgimento da ciência experimental.
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26. Eis, com efeito, em que consiste o proceder corretamente nos caminhos do amor ou por outro se deixar conduzir: em começar do que aqui é belo e, em vista daquele belo, subir sempre, como que servindo-se de degraus, de um só para dois e de dois para todos os belos corpos, e dos belos corpos para os belos ofícios, e dos ofícios para as belas ciências até que das ciências acabe naquela ciência, que nada mais é senão a do próprio belo, e conheça enfim o que é em si belo.

O trecho acima transcrito pode ser corretamente interpretado como um exemplo:
(A) das perspectivas essencialistas dominantes entre os sofistas contemporâneos de Sócrates.
(B) do método de busca pela arkhé (princípio) característico dos pré-socráticos.
(C)) da dialética ascendente de Platão, que vai da imagem para subir até a essência ou a idéia.
(D) da perspectiva indutiva e empirista que caracteriza os escritos de Aristóteles.
(E) da perspectiva epicurista, que valoriza simultaneamente a alma e os sentidos.

27. Tomamos inicialmente consciência da liberdade ou de seu contrário em nosso relacionamento com outros, e não no relacionamento com nós mesmos. Antes que se tornasse um atributo do pensamento ou uma qualidade da vontade, a liberdade era entendida como o estado do homem livre, que o capacitava a se mover, a se afastar de casa, a sair para o mundo e a se encontrar com outras pessoas em palavras e ações (...). A liberdade necessitava também de um espaço comum para encontrar a companhia de outros homens. (H. Arendt)

O conceito de liberdade acima descrito tem como referência a noção
(A) kantiana de autonomia, como a lei que cada indivíduo dá a si mesmo.
(B) hobbesiana de liberdade como ausência de impedimento externo.
(C) cristã de liberdade como um atributo da alma.
(D)) antiga de liberdade como um atributo público e político.
(E) moderna de liberdade como vitória da vontade sobre o desejo.
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28. Que porém um público se esclareça a si mesmo é perfeitamente possível; mais do que isso, se lhe for dada a liberdade, é quase inevitável. Pois encontrar-se-ão sempre alguns indivíduos capazes de pensamento próprio (...) que, depois de terem sacudido de si mesmos o jugo da menoridade, espalharão em redor de si o espírito de uma avaliação racional do próprio valor e da vocação de cada homem em pensar por si mesmo.

O texto acima transcrito pode ser corretamente interpretado como um exemplo frisante:
(A) dos esforços tomistas de conciliação entre a razão e a fé.
(B) da crítica pós-moderna ao racionalismo.
(C) das primeiras formulações do ceticismo grego.
(D) dos filósofos do período helenista.
(E)) do racionalismo iluminista.
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29. O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias; as verdades são ilusões, das quais se esqueceu que o são, metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível, moedas que perderam sua efígie e agora só entram em consideração como metal, não mais como moedas.

O texto acima pode ser corretamente interpretado como exemplo da crítica:
(A) marxista às formas burguesas de pensamento.
(B)) de Nietsche ao racionalismo iluminista.
(C) de Platão ao pensamento dos sofistas.
(D) iluminista ao pensamento medieval.
(E) de Agostinho aos filósofos pagãos.

30. Desde sempre o Iluminismo, no sentido mais abrangente de um pensar que faz progressos, perseguiu o objetivo de livrar os homens do medo e de fazer deles senhores. Mas, completamente iluminada, a terra resplandece sob o sígno do infortúnio triunfal. O programa do iluminismo era o de livrar o mundo do feitiço. Sua pretensão, a de dissolver os mitos e eliminar a imaginação, por meio do saber [...] O entendimento, que venceu a superstição, deve ter voz de comando sobre a natureza desenfeitiçada [...] O que os homens querem aprender da natureza é como aplicá-la para dominar completamente sobre ela e sobre os homens.

A partir do trecho acima é correto afirmar que, para Adorno e Horkheimer:
(A)) o desejo de dominação do homem sobre a natureza aboliu o mito e a magia e instaurou a racionalidade técnica e controladora.
(B) o Iluminismo propiciou simultaneamente um progresso técnico e moral a partir da libertação das superstições e dos mitos.
(C) a racionalidade moderna tende a, progressivamente, libertar os homens do medo e da dominação.
(D) o infortúnio de nossa sociedade deve-se ao malogro do ideal iluminista de pleno desenvolvimento da razão.
(E) somente a contínua desmistificação da natureza poderá nos livrar definitivamente da dominação do homem sobre o homem.
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31. Verdade e falsidade podem ser predicados das proposições, nunca dos argumentos. Do mesmo modo, propriedades de validade ou invalidade só podem pertencer a argumentos dedutivos, mas nunca a proposições. (I. Copi)

A partir desse esclarecimento de Copi é correto afirmar que:
(A) a conclusão de um argumento será necessariamente um raciocínio inválido se as premissas forem falsas.
(B) se as premissas e a conclusão de um argumento forem verdadeiras, a conclusão deve necessariamente ser resultado de um raciocínio válido.
(C)) um argumento pode conter exclusivamente proposições falsas e, apesar disso, seu raciocínio pode ser válido.
(D) as premissas de um argumento podem ser todas verdadeiras e sua conclusão válida, mas falsa.
(E) é possível determinar a verdade ou falsidade de uma premissa analisando-se a validade do raciocínio.

32. O conjunto das relações de produção (que corresponde ao grau de desenvolvimento das forças produtivas materiais) constitui a estrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política à qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de reprodução de vida material determina o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que determina seu ser; é seu ser social que, inversamente, determina sua consciência.

É correto afirmar que o texto acima apresenta uma visão característica:
(A) do jusnaturalismo dos séculos XVII e XVIII.
(B) do idealismo alemão do século XIX.
(C) da economia política liberal.
(D) do materialismo epicurista grego.
(E)) do materialismo histórico do século XIX.
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33. O fim da filosofia é o esclarecimento lógico dos pensamentos.
A filosofia não é uma teoria, mas uma atividade. Uma obra filosófica consiste essencialmente em elucidações.
O resultado da filosofia não são proposições filosóficas, mas é tornar proposições claras.
Cumpre à filosofia tornar claros e delimitar precisamente os pensamentos, antes como que turvos e indistintos.
(L. Wittgenstein)

A visão de filosofia acima expressa gerou uma corrente significativa de trabalhos cuja característica fundamental é
(A) a fusão da filosofia com as ciências da natureza, trazendo à primeira um estatuto científico.
(B)) a ênfase em estudos voltados para as linguagens, analisando-as do ponto de vista da clareza dos conceitos e da força dos argumentos.
(C) a separação entre as ciências e a metafísica, ficando esta última como tarefa eminentemente filosófica.
(D) a ênfase na construção, por parte da filosofia, de sistemas éticos, já que as proposições sobre a natureza ficam ao encargo das ciências.
(E) o abandono de qualquer pretensão de esclarecimento conceitual nos campos tradicionais da ética e da epistemologia.

34. A ciência não é um sistema de enunciados certos ou bem estabelecidos, nem um sistema que avança constantemente em direção a um estado final. Nossa ciência não é um conhecimento (episteme): ela nunca pode pretender haver atingido a verdade, ou mesmo um substituto para ela, tal como a probabilidade [...] Embora não possa atingir a verdade nem a probabilidade, o esforço pelo conhecimento e a procura da verdade ainda são os motivos mais fortes da descoberta científica. [...] Somos sempre nós que formulamos as questões propostas à natureza; somos nós que repetidas vezes tentamos colocar essas questões para então obter um nítido "sim" ou "não". (K. Popper)

A partir do trecho acima é correto afirmar que, para Popper, as teorias científicas
(A) são convenções úteis e modelos analógicos e não têm, pois, valor ou pretensão de verdade.
(B) se caracterizam por um progresso acumulativo de verdades provadas metodicamente.
(C) constituem modelos - ou paradigmas - cuja correspondência com a realidade empírica não é possível verificar.
(D)) enunciam conjecturas cujas implicações ou conseqüências são passíveis de testes e, eventualmente, refutação.
(E) constituem um conjunto de hipótese verificadas e aceitas como verdades históricas.
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35. O homem tem uma inclinação para associar-se porque se sente mais como homem num tal estado pelo desenvolvimento de suas disposições naturais. Mas ele também tem uma forte tendência a separar-se, porque encontra em si uma qualidade insociável que o leva a querer conduzir tudo simplesmente em seu proveito, esperando oposição de todos os lados [...] Esta oposição é a que, despertando todas as forças do homem, o leva a superar sua tendência à preguiça e, movido pela busca de projeção, pela ânsia de dominação ou pela cobiça, a proporcionar-se uma posição entre os companheiros que ele não atura, mas dos quais não pode prescindir. (Kant)

A partir do trecho citado, é correto afirmar que para Kant:
(A) tal como para Rousseau, a sociedade corrompe a natureza boa e livre dos homens.
(B) o Estado significa a abdicação da liberdade natural e o fim dos conflitos.
(C) a sociabilidade natural do homem é a responsável pelo seu desenvolvimento histórico.
(D) a insociabilidade humana atrapalha o curso do desenvolvimento histórico da espécie.
(E)) o antagonismo das disposições humanas é o responsável por seu desenvolvimento.

36. É característica do movimento que costumamos designar por Renascimento a
(A) hostilidade completa em relação à filosofia clássica, sobretudo a de Platão e Aristóteles.
(B)) clara busca pela separação entre fé e razão, natureza e religião, política e Igreja.
(C) ênfase na autoridade das Sagradas Escrituras e na filosofia cristã de modo geral.
(D) concepção hierárquica de universo e de ordem política.
(E) crítica ao conhecimento produzido pelos órgãos dos sentidos.
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37. Precisamos nos desfazer de todas as idéias, de todas as crenças recebidas, ou seja, libertarmo-nos de todas as tradições, de todas as autoridades, se quisermos alguma vez reencontrar a pureza nativa da nossa razão, chegar à certeza da verdade. (A. Koyré)
É correto afirmar que, nessa passagem, Koyré se refere
(A) à necessidade que tem o cético de permanecer em dúvida, por considerar impossível alcançar qualquer certeza.
(B) à proposta de São Tomás de Aquino de integrar o costume à razão para obter o conhecimento das coisas.
(C)) ao momento em que Descartes precisou da dúvida para se desfazer de idéias pré-concebidas e fundar uma ciência inteiramente baseada na razão.
(D) à continuidade do projeto renascentista de dominação da natureza que Bacon implementou no final do século XVI.
(E) à origem da crítica da razão pura, promovida por Kant em resposta ao racionalismo do século XVII.
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38. Essas longas cadeias de razões (...), de que os geômetras costumam servir-se para chegar às suas mais difíceis demonstrações, haviam-me dado ocasião de imaginar que todas as coisas possíveis de cair sob o conhecimento dos homens seguem-se umas às outras da mesma maneira, e que, contanto que nos abstenhamos somente de aceitar por verdadeira qualquer que não o seja, e que guardemos sempre a ordem necessária para deduzi-las umas das outras, não pode haver quaisquer tão afastadas a que não se chegue por fim, nem tão ocultas que não se descubram. (Descartes)

É correto afirmar que, no trecho acima, Descartes defende que
(A) não se pode obter o conhecimento da verdade.
(B) o método geométrico descreve a realidade física.
(C) o senso comum é o início de todo conhecimento científico.
(D) o conhecimento deve partir das coisas mais complexas para as mais simples.
(E)) a essência do pensamento matemático é a invenção de relações e de uma ordem entre as relações.

39. É por isso necessário a um príncipe que deseje manter seus domínios saber como praticar o mal, e fazer uso disso ou não de acordo com a necessidade. (Maquiavel)

A partir do trecho acima, pode-se afirmar corretamente que, para Maquiavel, a virtude cívica é a
(A) qualidade de flexibilidade moral que se exige de um príncipe ou governante.
(B) capacidade de adquirir riqueza para o Estado.
(C) observação das quatro virtudes cardeais: temperança, justiça, coragem e sabedoria.
(D) capacidade de ser cruel e desse modo causar medo aos adversários.
(E) a possibilidade de ser irracional, se necessário.
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40. Desta guerra de todos contra todos os homens também isto é conseqüência: nada pode ser injusto. As noções de bem e de mal, de justiça e de injustiça, não podem aí ter lugar. Onde não há poder comum não há lei, e onde não há lei não há injustiça. (Hobbes)

Nesse trecho, retirado do Leviatã, Hobbes considera que:
(A) os valores morais são anteriores à existência das leis civis.
(B) o bem e o mal são valores absolutos, mas deles não depende a definição do justo e do injusto.
(C) naturalmente os homens tendem a criar o Estado e as leis.
(D)) é o Estado que determina o sentido da lei.
(E) em nome do direito de propriedade os homens exigem a instituição do Estado.
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41. ... devemos considerar em que estado todos os homens se acham naturalmente, sendo este um estado de perfeita liberdade para ordenar-lhes as ações e regular-lhes as posses e pessoas conforme acharem conveniente, dentro dos limites da lei de natureza, sem pedir permissão ou depender da vontade de qualquer outro homem. (Locke)

Nesse trecho, Locke define a liberdade como:

(A) licenciosidade, ou direito de fazer o que se quiser.
(B) agir de acordo com a lei civil.
(C) ausência de autoridade religiosa.
(D)) não estar sujeito ao arbítrio de ninguém.
(E) exercício da virtude moral.

42. O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. (Rousseau)

Qual das seguintes afirmações a respeito dessa célebre frase, que abre o Contrato Social, NÃO PODE SER ASSOCIADA ao pensamento de Rousseau?
(A) Rousseau considera que a desigualdade entre os homens seja criada pela sociedade.
(B) Todo tipo de relação social implica subordinação.
(C) Rousseau faz uma crítica ao processo de civilização do homem.
(D) Os homens são naturalmente livres porque nasceram naturalmente iguais.
(E)) Os reis governam por direito divino.
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43. O sol não nascerá amanhã é uma proposição tão inteligível e implica tanta contradição como o sol nascerá amanhã. Seria inútil, portanto, toda tentativa de demonstrar sua falsidade. Se fosse demonstrativamente falsa, implicaria contradição e não poderia jamais ser distintamente concebida pela mente. (Hume)

No excerto acima, é correto dizer que, segundo Hume:
(A)) é impossível provar demonstrativamente um fato da natureza.
(B) a afirmação o sol nascerá amanhã é científica.
(C) somos incapazes de imaginar o contrário de uma questão de fato.
(D) algo pode ser verdadeiro e falso ao mesmo tempo.
(E) a matemática deve servir de método para o estudo da natureza.
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44. Até agora, diz Kant, a metafísica tem sido uma insensatez dogmática. Tem sido a pretensão de conhecer aqueles seres que, justamente, escapam de toda possibilidade humana de conhecimento (...). Essa metafísica não é possível. (M. Chaui)

Costumou-se designar o pensamento de Kant de filosofia crítica porque:
(A) é uma vertente do ceticismo grego.
(B) propõe que a filosofia seja somente uma crítica ao dogmatismo.
(C)) estabelece limites à possibilidade de conhecimento da razão.
(D) defende que não temos meios de conhecer nada.
(E) pretende conhecer os objetos centrais da metafísica: Deus, alma, substância etc.

45. O que Comte procura sempre são leis invariáveis, de acordo com o modelo da física e da matemática, paradigmas da ordem. Por isso, a história é pensada como uma sucessão ordenada (...), e a sociedade será pensada como uma totalidade orgânica dividida em segmentos ou classes, que se relacionam de maneira estática. (Franklin L. e Silva)

De acordo com o trecho acima, é FALSO afirmar que:
(A) A filosofia de Comte deve ser compreendida a partir do êxito das ciências exatas e naturais.
(B)) O positivismo adota o conceito de luta de classes para explicar as mudanças históricas.
(C) Ordem e progresso são noções centrais para a compreensão do positivismo.
(D) A sociologia, ciência que estuda a sociedade, deve procurar pelas leis que regem a conduta e as relações humanas.
(E) Há, no positivismo, uma crença no processo evolutivo da sociedade.
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46. A metáfora da relação entre senhor e escravo, entre quem submete e quem é submetido, procura mostrar (....) como, dialeticamente, os papéis acabam por se inverter, já que o senhor também precisa ser reconhecido como tal pelo escravo. (D. Marcondes)

No trecho acima, é correto afirmar que o autor se refere:
(A)) a uma poderosa imagem utilizada por Hegel não só para descrever o processo de constituição da consciência, mas para exemplificar as conseqüências morais da relação de escravidão.
(B) ao pensamento de Heidegger, e sua investigação filosófica dos conceitos relativos às modalidades ônticas.
(C) à fenomenologia de Husserl, que tentou separar a psicologia e filosofia, manter o privilégio do sujeito do conhecimento e ampliar o conceito de fenômeno.
(D) a um dos principais artigos da Declaração dos Direitos do Homem (1789).
(E) ao nascimento da sociologia, no final do século XIX, como estudo das relações sociais.
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47. É hábito de nosso tempo nada desejar intensamente. O ideal de caráter é não ter nenhum caráter marcante; aleijar por compressão, como fazem os chineses com os pés das mulheres, toda parte da natureza humana que projete uma saliência, e tenda a tornar uma pessoa notadamente dissimilar em relação ao perfil comum da humanidade. (Stuart Mill)

No excerto acima Stuart Mill expressa uma crítica:
(A) aos movimentos sindicais e socialistas, muito atuantes em meados do século XIX na Inglaterra.
(B) à imprensa vitoriana, que não respeitava a individualidade dos cidadãos, expondo-a à opinião pública.
(C) à doutrina positivista, e sua proposta de uma sociedade hierarquizada.
(D) aos governantes dos grandes impérios, que esmagam o potencial de desenvolvimento dos mais pobres.
(E)) aos que afirmam ser possível conhecer as verdadeiras finalidades da vida e reprimir os que se opõem a elas, disseminando falsidades perniciosas.

48. Ora, na realidade, para o existencialista, não há amor diferente daquele que se constrói; não há possibilidade de amor senão a que se manifesta no amor, não há gênio senão o que se exprime nas obras de arte. (Sartre)

De acordo com esse excerto de Sartre, é correto afirmar que:
(A) a essência do homem, seus sentimentos, sua razão, determinam o modo como ele age em relação a outros e a si mesmo.
(B) é possível definir o homem sem considerar sua cultura e sua história.
(C) as intenções equivalem a atos.
(D)) o homem é o que ele faz.
(E) a condição humana se caracteriza pela dominação de um homem por outro e pela inexistência de liberdade.
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49. A expressão microfísica do poder, cunhada pelo filósofo Michel Foucault, designa:
(A) as mudanças de regime político nos períodos revolucionários.
(B)) uma rede de dispositivos ou mecanismos de poder que se disseminam por toda a estrutura social.
(C) a forma repressiva da dominação capitalista.
(D) o Estado como instância coercitiva que origina e fundamenta todo tipo de poder social.
(E) o aparato de pompa envolvido no espetáculo das punições durante o Antigo Regime.
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50. O irracionalismo foi gerado, em parte, pela identificação que se produziu (...) entre a razão sistêmica e a razão em si. Opor-se ao sistema equivalia, assim, a opor-se à própria razão. A razão não pode deixar de ser vista como opressora, quando o poder que oprime fala em nome dela e quando ela é percebida como a única possível. (S.P. Rouanet)

A partir do excerto acima, é possível afirmar corretamente que, para a teoria da ação comunicativa de Habermas:
(A)) o irracionalismo surge, paradoxalmente, como resultado da confiança excessiva na possibilidade de esclarecimento promovida pela razão.
(B) a razão e a verdade devem estar a serviço de uma ideologia política.
(C) são racionais as proposições que correspondam a uma verdade objetiva, não a um processo argumentativo.
(D) a economia, como ciência racional, tem condições de prever o desenvolvimento da sociedade.
(E) quando vários argumentos são usados para refutar uma afirmação, a razão corre o risco de desaparecer e, junto com ela, a liberdade.

GABARITO
21B – 22C – 23E – 24D – 25A- 26C – 27D – 28E – 29B – 30A

31C – 32E – 33B – 34D – 35E – 36B – 37C – 38E – 39A – 40D

41D – 42E – 43A- 44C – 45B – 46A – 47E – 48D – 49B – 50A


Fonte: http://www.filosofia.com.br

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Provas de Concurso para professor de Filosofia - Material para estudo


Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Secretaria de Ensino - Colégio Pedro II - Rio de Janeiro - 2009

PROVA PRELIMINAR - FILOSOFIA

Questão 1
Vernant conclui em As origens do pensamento grego que:
A) a jovem ciência dos jônios espelha a razão intemporal que veio encarnar-se no Tempo.
B) recolocada na história, prova-se que a filosofia reveste-se de um caráter de revelação absoluta.
C) é no plano político que a Razão, na Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e formou-se.
D) a escola de Mileto fez nascer a própria Razão, que foi aprimorada pela razão experimental.

Questão 2
Na geração do cosmo, a preponderância à terra, ao fogo, à água e ao ar costuma ser atribuída, respectivamente, aos seguintes pensadores pré-socráticos:
A) Parmênides, Heráclito, Tales e Pitágoras.
B) Xenófanes, Heráclito, Tales e Anaxímenes.
C) Pitágoras, Anaxágoras, Tales e Anaximandro.
D) Empédocles, Anaximandro, Tales e Parmênides.

Questão 3
"Para defender-nos, teremos de necessariamente discutir a tese de nosso pai Parmênides e demonstrar, pela força de nossos argumentos que, em certo sentido, o não ser é; e que, por sua vez, o ser, de certa forma, não é. (...) Enquanto não houvermos feito esta contestação, nem essa demonstração, não poderemos, de forma alguma, falar nem de discursos falsos nem de opiniões falsas" (Platão, Sofista, 241d-e).
I. O falso é possível porque
II. O não ser, em certo sentido, é.
As afirmações I e II dizem respeito ao trecho citado do Sofista de Platão. A alternativa correta é:
A) I é verdadeira e II é verdadeira, e II é condição para I.
B) I é verdadeira e II é verdadeira, mas II não é condição para I.
C) I é verdadeira e II é falsa, e II não é condição para I.
D) I é verdadeira e II é verdadeira, e I é condição para II.

Questão 4
Na República, livro VII, apresenta-se a "alegoria da caverna", em que se diz que, quando o homem sai da caverna, ele vê o sol e esse corresponde à ideia do Bem.
De acordo com esse texto de Platão, pode-se afirmar que o conhecimento:
A) está vinculado a uma maneira de viver, mas tal alegoria mostra que não é assim que se encontra a verdade.
B) não é pensado, na vida dos homens, como vinculado a um modo de vida; a alegoria é apenas ilusória.
C) está vinculado a uma maneira de viver, e a educação oferece os meios para a alma voltar-se para o Bem.
D) não é pensado, na vida dos homens, como vinculado a um modo de vida; a alegoria mostra que o homem pode ser feliz.

Questão 5
"Tem presente, portanto, que concordaste que também é justo cometer atos prejudiciais aos governantes e aos mais poderosos, quando os governantes, involuntariamente, tomam determinações inconvenientes para eles - uma vez que declaras ser justo que os súditos executem o que prescreveram os governantes." (Platão, República, 339e)
Em meio à discussão sobre a justiça, Sócrates sintetiza do modo acima citado a posição de Trasímaco.
As afirmações de Trasímaco que dão base a essa síntese de Sócrates são:
A) Justiça é fazer o mal para os mais fracos; os que obedecem devem, às vezes, recusar-se a obedecer aos mais fortes.
B) Justiça é fingir que se faz o bem geral, visando ao proveito próprio; deve-se fazer os fracos pensarem que as decisões dos fortes os favorecem.
C) É justo obedecer àqueles que governam; os governantes são passíveis de cair em erro em suas decisões.
D) Justiça é aquilo que convém ao mais forte; os governantes nunca se enganam ao intentar tomar decisões que lhes favorecem.

Questão 6
Em O banquete (203b-204d; 210a-212d), de Platão, Sócrates apresenta os ensinamentos de Diotima sobre o amor e a beleza.
Sobre o modo como esses conceitos são compreendidos nesse trecho, pode-se afirmar que:
A) o amor aos belos corpos deve abrir o caminho à contemplação da beleza em si.
B) só os sábios desejam o que é belo, pois os ignorantes não reconhecem a beleza.
C) o amor pelos belos corpos é suficiente para a contemplação da beleza em si.
D) Eros, por ser belo, deve ser objeto de contemplação apenas dos filósofos.

Questão 7
Segundo Aristóteles (Metafísica, IV, 1, 1003a20-30), a ciência do ser enquanto ser e as demais ciências consideram, respectivamente:
A) o ser enquanto ser universalmente - os princípios constitutivos da realidade como um todo.
B) as características particulares do ser enquanto ser - as características universais do ser.
C) o ser enquanto ser universalmente - as características de uma parte do ser.
D) as características particulares do ser enquanto ser - as características de uma parte do ser.

Questão 8
Segundo Aristóteles, "nos tornamos justos praticando atos justos" (Ética a Nicômaco, II, 1103b).
A afirmação que melhor expressa seu pensamento está indicada em:
A) basta a compreensão do sumo bem para tornar possível a vida moral.
B) adquirimos as virtudes ou excelências morais por meio da prática habitual.
C) somos naturalmente injustos e só realizamos a justiça pela instrução.
D) é preciso agir contrariamente à natureza para nos tornarmos justos.

Questão 9
Aristóteles afirma que a linguagem permite ao homem expressar em comum as noções de desvantajoso e vantajoso, justo ou injusto.
Essa afirmação leva o autor a concluir que o homem:
A) possui naturalmente tais noções éticas e, portanto, pode associar-se em torno delas na família e no Estado (pólis).
B) não possui naturalmente tais noções éticas, mas pode chegar a um acordo sobre o modo de vivê-las na família e no Estado (pólis).
C) possui naturalmente tais noções éticas, mas não pode associar-se em nenhuma instância, seja na família ou no Estado (pólis).
D) não possui naturalmente tais noções éticas, mas a transferência de poder a um governante é o que possibilita a vida no Estado (pólis).

Questão 10
"Começando a lê-los [os livros da Sagrada Escritura] notei que tudo que havia de verdadeiro nos textos platônicos também se encontrava nesses textos em meio à proclamação de Vossa graça" (Agostinho, Confissões, VII, 21).
A afirmação acima endossa uma tese muito comum à investigação filosófica e teológica da Idade Média cristã, a saber:
A) Platão teve acesso aos escritos de Moisés e não fez nada além de ocultar a originalidade do profeta hebreu.
B) As verdades cristãs não são compatíveis com nenhuma espécie de conhecimento filosófico ou racional.
C) A Revelação é historicamente anterior à Filosofia, e esta última não pode contribuir em nada para esclarecer os conteúdos da fé.
D) A Revelação é mais ampla que a Filosofia por abarcar verdades que esta última não alcançaria por si só e ainda por conter verdades filosóficas.

Questão 11
I. Deus é o Criador do mundo.
II. A existência do mal no mundo não é responsabilidade de Deus.
Agostinho concilia essas duas teses da seguinte forma:
A) O mundo, por ser substância divina, é bom em si mesmo; apenas os homens experimentam as coisas como más de modo absoluto.
B) Deus cria o mundo através de dois princípios coeternos equivalentes em luta permanente, a saber: o Bem e o Mal, este último princípio explica a segunda tese.
C) Tudo que Deus cria é bom, inclusive a vontade do homem, que escolhe, livremente, trocar o Bem imutável pelos bens mutáveis, isto é, pecar.
D) Ontologicamente, apenas Deus é bom; a simples existência das coisas criadas, portanto, já permite justificar a possibilidade de algum mal no mundo.

Questão 12
"Existe algo verdadeiríssimo, ótimo, nobilíssimo e, por conseguinte, o ser máximo, pois todas as coisas que são verdadeiras ao máximo são os maiores seres (...). O que é máximo em algum gênero é causa de tudo o que é daquele gênero." (Tomás de Aquino, Suma teológica, I, q. 2, a. 1)
"A perfeição do universo requer que haja coisas incorruptíveis assim como coisas corruptíveis, portanto, que haja coisas que possam deixar de ser boas, o que de fato por vezes ocorre." (Tomás de Aquino, Suma teológica, I, q. 48, a. 2)
Essas citações são passos argumentativos que levam Tomás de Aquino a concluir, respectivamente, que:
A) Deus é a causa da existência de todos os seres, assim como de toda bondade e qualquer perfeição; e o mal está presente nas coisas.
B) Deus é a causa da existência de todos os seres, assim como de toda bondade e qualquer perfeição; e, portanto, o mal não pode estar presente nas coisas.
C) filosoficamente, não se pode provar a existência de Deus, mas apenas de um gênero supremo (ser); e não se pode concluir pela presença ou não do mal nas coisas.
D) filosoficamente, não se pode provar a existência de Deus, mas apenas dos gêneros relativos às perfeições; e o mal está presente nas coisas.

Questão 13
"O intelecto humano se põe no meio [entre os sentidos e o intelecto angélico]: não é ato de um órgão corporal, mas é uma potência da alma, que é forma do corpo, como ficou demonstrado. Por isso, é sua propriedade conhecer a forma que existe individualizada em uma matéria corporal, mas não essa forma enquanto está em tal matéria. Ora, conhecer dessa maneira, é abstrair a forma da matéria individual, que as representações imaginárias significam." (Tomás de Aquino. Suma teológica, I, q. 85, a. 1.)
I. O intelecto humano conhece por abstração porque
II. A alma, da qual esse intelecto é potência, é forma do corpo.
Considerando o trecho acima e as duas afirmações sobre a teoria da abstração em Tomás de Aquino:
A) I é verdadeira e II é falsa, e II não é condição para I.
B) I é verdadeira e II é verdadeira, mas II não é condição para I.
C) I é verdadeira e II é verdadeira, e II é condição para I.
D) I é verdadeira e II é verdadeira, e I é condição para II.

Questão 14
Em suas Meditações metafísicas, Descartes tem em vista abandonar todas as opiniões que se mostram duvidosas e incertas que são tomadas como "princípios mal assegurados".
Com isso, Descartes tem por objetivo:
A) defender que são impossíveis verdades objetivas, apenas subjetivas.
B) rejeitar ceticamente qualquer fundamento para a ciência.
C) demonstrar que a matemática é o fundamento do conhecimento.
D) estabelecer algo de constante e de firme nas ciências.

Questão 15
Segundo Hobbes (Leviatã, XIV), "o direito consiste na liberdade de fazer ou de omitir, ao passo que a lei determina ou obriga a uma dessas duas coisas".
Além disso, o autor afirma como regra geral da razão "que todo homem deve esforçar-se pela paz, na medida em que tenha esperança de consegui-la, e caso não a consiga pode procurar e usar todas as ajudas e vantagens da guerra".
A primeira e a segunda parte dessa regra geral da razão encerram, respectivamente:
A) a lei de natureza, por conter uma obrigação - o direito de natureza, por ser um preceito de liberdade.
B) a lei de natureza, por ser preceito de liberdade - o direito de natureza, por conter uma obrigação.
C) o direito de natureza, por conter uma obrigação - a lei de natureza, por ser preceito de liberdade.
D) o direito de natureza, por ser um preceito de liberdade - a lei de natureza, por conter uma obrigação.

Questão 16
Apenas os princípios da não contradição e da identidade nascem conosco.
Diante dessa tese, Locke:
A) concorda; sem esses princípios nenhuma percepção lógica da realidade é possível.
B) concorda; na idade adulta todos os homens alcançam essas máximas.
C) discorda; se assim fosse, crianças e idiotas também alcançariam esses princípios.
D) discorda; tais noções primitivas são recebidas na alma no momento de sua criação.

Questão 17
Para Rousseau, quando alguém ousou dizer "Isto é meu" e encontrou pessoas que lhe deram crédito, foi fundada a sociedade civil, a qual significa o afastamento da vida natural.
Sobre tal afastamento, considere as seguintes teses:
I. Os homens adquiriram uma ideia de propriedade distante do primeiro estado de natureza;
II. A bondade própria ao puro estado de natureza não convinha à sociedade civil nascente;
III. No estado de natureza os homens viviam livres e felizes;
IV. A igualdade desapareceu, a propriedade se introduziu e o trabalho se tornou necessário.
De acordo com Rousseau, estão corretas:
A) apenas as teses I e II.
B) apenas as teses I e III.
C) apenas as teses I e IV.
D) as teses I, II, III e IV.

Questão 18
Em sua Investigação sobre o entendimento humano, Hume distingue as percepções da mente humana em dois tipos: de um lado, o pensamento (ou as ideias); de outro, as impressões (as sensações).
Sobre essas percepções, pode-se afirmar que o pensamento:
A) é menos vivaz do que a mais embotada das sensações.
B) atinge sempre a mesma vivacidade que as sensações.
C) é tão vivaz quanto as sensações, por ir além da experiência.
D) é mais vivaz que as sensações, por ser mais complexo.

Questão 19
Na "Quarta Proposição" da Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita, Kant escreve:
"O meio de que a natureza se serve para realizar o desenvolvimento de todas as suas disposições é o antagonismo delas na sociedade, na medida em que ele se torna ao fim a causa de uma ordem regulada por leis desta sociedade. Eu entendo aqui por antagonismo a insociável sociabilidade dos homens, ou seja, sua tendência a entrar em sociedade que está ligada a uma oposição geral que ameaça constantemente dissolver essa sociedade. Esta disposição é evidente na natureza humana."
Com base nesse texto, o antagonismo que leva ao desenvolvimento das disposições naturais dos homens ocorre entre:
A) a tendência individual para a socialização e a disposição para a vida natural.
B) diferentes sociedades em estado de guerra, e não entre indivíduos isolados.
C) diferentes classes sociais; cada época possui seu próprio conflito entre classes.
D) a tendência para a socialização e uma oposição geral dos indivíduos entre si.

Questão 20
Segundo Kant, na Crítica da razão pura, as formas originárias da sensibilidade, espaço e tempo, são:
A) conceitos a priori, mas não puros, pois pertencem à sensibilidade.
B) condições necessárias de todas as relações em que objetos são intuídos.
C) intuições a priori, mas não puras, pois constituem o objeto empírico.
D) conceitos puros a priori, que organizam os objetos empíricos.

Questão 21
Kant, na "Analítica do belo", na Crítica da faculdade de julgar, compreende o juízo de gosto como faculdade do julgamento do belo.
Sobre os conceitos "juízo de gosto" e "belo", pode-se afirmar, respectivamente, que:
A) é determinado independentemente de todo interesse - apraz universalmente sem conceito.
B) é determinado independentemente de todo interesse - apraz particularmente através de conceitos.
C) é constituído pelo interesse no que é agradável - apraz particularmente sem conceito.
D) é constituído pelo interesse no que é bom - apraz universalmente através de conceitos.

Questão 22
"O saber que é o nosso objeto em primeiro lugar e imediatamente, não pode ser senão aquele que é, ele próprio, saber imediato, saber do imediato ou do existente. Igualmente devemos nos comportar de modo imediato e receptivo e, portanto, não mudando nele coisa alguma com relação ao modo como se oferece e mantendo afastada da nossa apreensão a atividade de conceber." (Hegel. Fenomenologia do espírito.)
A passagem citada acima refere-se à:
A) pré-consciência, quando a consciência não iniciou sua formação.
B) certeza sensível, que desconsidera qualquer mediação.
C) percepção, pois ser receptivo e ser perceptivo são o mesmo.
D) consciência de si, pois o modo como ela se oferece não muda.

Questão 23
A alternativa que corresponde mais adequadamente ao materialismo de Marx é:
A) O ser não determina a consciência, isto é, a subjetividade humana determina a vida material.
B) A sensibilidade e o objeto devem ser apreendidos como atividade prática, humana e sensível.
C) O idealismo concebe a atividade de modo concreto, ao reconhecê-la como real e sensível.
D) As forças produtivas sociais equivalem ao sujeito, e as relações de produção equivalem ao objeto.

Questão 24
São constitutivos da fenomenologia de Husserl:
A) método da crítica do conhecimento, doutrina universal das essências, círculo hermenêutico.
B) pressuposição da realidade dada, suspensão do juízo da atitude natural, método indutivo.
C) doutrina particular das essências, suspensão do juízo da atitude natural, método experimental.
D) suspensão do juízo da atitude natural, intencionalidade, doutrina universal das essências.

Questão 25
Em "Que é metafísica?", Heidegger afirma que são características de toda questão metafísica e de sua formulação, respectivamente:
A) abarcar a totalidade da metafísica - quem interroga é, enquanto tal, problematizado na questão.
B) abarcar a totalidade da metafísica - a ciência é, enquanto tal, sempre colocada em questão.
C) basear-se em pesquisas históricas - quem interroga é, enquanto tal, problematizado na questão.
D) basear-se em pesquisas históricas - a ciência é, enquanto tal, sempre colocada em questão.

Questão 26
"Toda interpretação que se coloca no movimento de compreender já deve ter compreendido o que se quer interpretar" (Ser e tempo, § 32).
Nesse trecho, Heidegger caracteriza o conceito de:
A) disposição afetiva.
B) círculo hermenêutico.
C) circularidade lógica.
D) primado ontológico.

Questão 27
Em O existencialismo é um humanismo, Sartre cita Dostoievski: "Se Deus não existe, tudo é permitido".
A interpretação de Sartre sobre essa sentença está indicada de modo mais adequado em:
A) Deus não existe e não há essência humana anterior à sua existência; o homem, condenado à liberdade e lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz.
B) Ou a moral não tem um fundamento absoluto (Deus), ou não há moral possível; como essa fundamentação moral é necessária, Deus tem de, necessariamente, existir.
C) Deus não existe e não há essência humana anterior à sua existência; é necessário então afirmar o relativismo moral para toda e qualquer ação humana.
D) Deus não existe e não há essência humana anterior à sua existência; no entanto, é necessário considerar certos valores como existindo a priori.

Questão 28
"Muito embora o planejamento do mecanismo pelos organizadores dos dados, isto é, pela indústria cultural, seja imposto a esta pelo peso da sociedade que permanece irracional apesar de toda racionalização, essa tendência fatal é transformada em sua passagem pelas agências do capital de modo a aparecer como o sábio desígnio dessas agências. Para o consumidor, não há nada mais a classificar que não tenha sido antecipado no esquematismo da produção. A arte sem sonho destinada ao povo realiza aquele idealismo sonhador que ia longe demais para o idealismo crítico." (Dialética do esclarecimento, "A indústria cultural: o esclarecimento como mistificação das massas")
A partir do trecho acima e de acordo com a concepção de Adorno e Horkheimer sobre a indústria cultural, pode-se afirmar que:
A) a "arte sem sonho" destinada às grandes massas é mais realista, e por isso capaz de superar o idealismo crítico.
B) os artistas, individual e coletivamente, são capazes de estabelecer os fins da produção cultural de forma autônoma.
C) a indústria, ao realizar o esquematismo para os sujeitos-clientes, realiza a formação dos sujeitos autônomos.
D) a racionalidade técnica dominante na indústria não é suficiente para a criação de uma sociedade racional.

Questão 29
Em A lógica da pesquisa científica, Popper defende que as teorias científicas devem:
A) ser constituídas por enunciados universais passíveis de falseamento.
B) ser constituídas por inferência de enunciados universais a partir de singulares.
C) fundamentar os enunciados científicos pela verificação dos fatos.
D) fundamentar a explicação dos fatos pelo método indutivo.

Questão 30
Em A estrutura das revoluções científicas, Kuhn tem por objetivo:
A) estabelecer uma separação nítida entre ciência, religião e metafísica.
B) apresentar um modelo que justifique a ciência como concepção de mundo atemporal.
C) mostrar que a ciência se desenvolve apenas pela acumulação de descobertas.
D) esboçar um conceito de ciência diverso do estereótipo a-histórico que se atribui a ela.

Questão 31
Acerca da investigação sobre o poder realizada por Foucault em Vigiar e punir, é mais adequado afirmar que:
A) não se encontra ainda a elaboração de uma microfísica do poder, pois se trata de realizar a genealogia das grandes instituições penitenciárias.
B) poder e saber estão diretamente implicados: as relações de poder constituem sempre campos de saber; e saber sempre supõe e constitui relações de poder.
C) a constituição do sujeito livre e capaz de conhecimento é o requisito fundamental para a análise e compreensão dos mecanismos do poder.
D) a descoberta do poder disciplinar como inspirador do Panopticon é a realização que permite compreender o poder como apropriação.

Questão 32
"A única versão defensável da doutrina do caráter sagrado da vida humana era o que poderíamos chamar de "doutrina do caráter sagrado da vida pessoal". Sugeri que, se a vida humana tem mesmo um valor especial ou um direito especial a ser protegida, ela os tem na medida em que a maior parte dos seres humanos são pessoas." (Singer, Peter. Ética prática, capítulo 5).
Baseado nessa versão da "doutrina do caráter sagrado da vida humana", Peter Singer afirma que, se alguns animais são pessoas, então a vida desses animais:
A) deve ter o mesmo valor especial, ou o mesmo direito à proteção que a dos seres humanos que são pessoas.
B) deve ter o mesmo valor especial, mas não o mesmo direito à proteção que a dos seres humanos que são pessoas.
C) não tem nenhum valor especial, mas tem o mesmo direito à proteção que a dos seres humanos que são pessoas.
D) não tem nenhum valor especial, nem o mesmo direito à proteção que a dos seres humanos que são pessoas.

Questão 33
Alguns filósofos criticaram a metafísica e o pensamento filosófico tradicional.
Sobre essas críticas, pode-se afirmar que, segundo:
A) Kant, a metafísica não é possível como ciência porque o fenômeno só pode ser apreendido por uma intuição intelectual.
B) Nietzsche, as teorias metafísicas realizam uma integração completa entre valores absolutos que devem, ao contrário, ser opostos.
C) Heidegger, são dois os preconceitos que perpassam a pergunta pelo ser: o ser é o conceito mais universal e o ser é o imediato indeterminado.
D) Wittgenstein, nas Investigações filosóficas, a filosofia não pode fundamentar nem deduzir, mas apenas descrever o uso da linguagem.

Questão 34
Inteligência, entendimento, fé e suposição. Essa ordem indica, decrescentemente, "graus de clareza" quanto aos objetos de conhecimento para:
A) Platão, que relaciona tais graus de clareza ao que seus respectivos objetos têm de verdade.
B) Tomás de Aquino, pois sem inteligência e entendimento, fé é mera adesão ao testemunho de outro.
C) Descartes, que considera a clareza e a distinção como critérios para separar verdade e falsidade.
D) Kant, pois associa fé à opinião, e os objetos da inteligência e do entendimento à razão pura.

Questão 35
Na filosofia contemporânea, pode-se afirmar que a verdade, de acordo com:
A) Marx, é realizada na práxis, isto é, a teoria deve ser completamente abandonada em favor da prática.
B) Nietzsche, é um conjunto de ilusões que parece canônico após longo uso, por se ter esquecido seu caráter metafórico.
C) Heidegger, é, em sentido originário (alétheia), uma propriedade primordialmente atribuída às proposições.
D) Wittgenstein, é a correspondência específica com os fatos realizada na figuração dos jogos de linguagem.

Questão 36
A respeito da reflexão filosófica sobre a moral, pode-se afirmar que, segundo:
A) Hume, de fatos podem se deduzir normas, por isso a ética deve ser derivada da ciência.
B) Kant, o dever é a imposição da lei moral dada pelas inclinações e necessidades humanas.
C) Nietzsche, todos os valores absolutos devem ser acolhidos a partir da perspectiva da vida.
D) Mill, a utilidade é a capacidade de promover a maior felicidade para o maior número.

Questão 37
O desejo é uma noção próxima de outras, como apetite, paixões, inclinações e refere-se, de modo geral, a impulsos ou tendências que não são guiados pela razão.
Sobre algumas formas mais clássicas de se conceber o desejo, pode-se afirmar que, de acordo com:
A) Aristóteles, as paixões humanas estão relacionadas ao saber prático, e excluem quaisquer relações com o saber teorético.
B) Maquiavel, o príncipe, para conservar seu poder e sua respeitabilidade, sempre deve satisfazer os desejos dos súditos.
C) Nietzsche, grande parte do pensamento consciente de um filósofo é secretamente guiado por seus instintos.
D) Freud, a consciência moral é senhora dos desejos inconscientes, causadores da neurose em indivíduos imorais.

Questão 38
Ao longo da história, algumas das teses políticas de Aristóteles mereceram críticas de outros autores. Entre essas teses, pode-se citar a concepção do Estado justo como uma comunidade una e indivisa; a finalidade do Estado como sendo o bem comum; e a necessidade de os governantes serem virtuosos por serem exemplo para os governados, que os imitam.
Sobre os autores que criticaram Aristóteles, pode-se afirmar que, de acordo com:
A) Maquiavel, o príncipe deve parecer ter as virtudes éticas, sendo necessário em algumas circunstâncias agir contrariamente a elas.
B) Hobbes, o Estado faz o contrato social surgir naturalmente da convergência dos cidadãos em torno de seu próprio desenvolvimento.
C) Marx, a economia política é o que torna uma comunidade una e indivisa e realiza o bem comum que é o objetivo do Estado.
D) Foucault, a sociedade disciplinar se constitui pelo estabelecimento da soberania, através da delegação de poder pelos indivíduos nas instituições.

Questão 39
A tragédia é uma forma de arte abordada por diferentes pensadores, que a consideraram um dos grandes gêneros artísticos.
De acordo com Aristóteles e Nietzsche, respectivamente, a tragédia envolve:
A) a imitação de ações de caráter elevado através das quais o herói é levado a um destino de infortúnio - a articulação entre os impulsos artísticos da figuração plástica e da música.
B) a imitação de ações de caráter elevado que provocam o êxito do herói - a predominância do impulso dionisíaco sobre o apolíneo a ponto de excluí-lo totalmente.
C) a imitação de ações de caráter baixo que provocam o êxito do herói - a predominância do impulso apolíneo sobre as manifestações dionisíacas a ponto de excluí-las totalmente.
D) a imitação de ações de caráter baixo que provocam a decadência do herói - a destruição mútua dos impulsos artísticos da figuração plástica e da música.

Questão 40
No "método de analogia lógica", utilizado para determinar e um argumento silogístico é válido ou não, substituem-se algumas palavras por outras, cujo sentido conhecemos, mantendo a forma do argumento. Se, então, depara-se com premissas verdadeiras e conclusão falsa, sabe-se que o argumento é inválido.
A característica do silogismo que torna possível esse método está expressa em:
A) A premissa maior tem extensão lógica maior do que a premissa menor.
B) A validade ou a invalidade de um silogismo é uma questão puramente formal.
C) A validade ou a invalidade de um silogismo depende de seu conteúdo específico.
D) A conclusão tem extensão lógica menor do que as premissas.

GABARITO:
01)C 21)A
02)B 22)B
03)A 23)B
04)C 24)D
05)C 25)A
06)A 26)B
07)C 27)A
08)B 28)D
09)A 29)A
10)D 30)D
11)C 31)B
12)A 32)A
13)C 33)D
14)D 34)A
15)A 35)B
16)C 36)D
17)D 37)C
18)A 38)A
19)D 39)A
20)B 40)B
Fonte: http://www.filosofia.com.br
Imagem:http://vestibularbrasil.blogspot.com/2009

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