quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz Ano Novo!!! Feliz 2010!!!







Daqui a pouco, um Ano Novo vai chegar a esta estação.
Se não puder ser o maquinista, seja o seu mais divertido passageiro.
Procure um lugar próximo à janela, desfrute cada uma das paisagens que o tempo lhe oferecer, como o prazer de quem realiza a primeira viagem.
Não se assuste com os abismos, nem com as curvas que não lhe deixam ver os caminhos que estão por vir.
Procure curtir a viagem da vida, observando cada arbusto, cada riacho, beirais de estradas e tons mutantes de paisagem.
Desdobre o mapa e planeje roteiros.
Preste atenção em cada ponto de parada, e fique atento ao apito da partida.
E quando decidir descer na estação onde a esperança lhe acenou, não hesite:
Desembarque nela os seus sonhos...
 
Desejo que sua viagem pelos dias do próximo ano seja de PRIMEIRA CLASSE com estes Princípios Básicos:

 

1. Seja ético. A vitória que vale a pena é a que aumenta a dignidade e reafirma valores profundos.
 
2. Estude sempre e muito. A glória pertence àqueles que tem um trabalho especial para oferecer.
 
3. Seja grato a quem participa de suas conquistas. O verdadeiro campeão sabe que as vitórias são alimentadas pelo trabalho em equipe. Agradecer é a melhor maneira de deixar os outros motivados.
 
4. Eleve suas expectativas. Pessoas com sonhos grandes obtêm energia para crescer. Os vencedores pensam em como realizar seu objetivo. 
 
5. Tenha metas claras. A História da Humanidade é cheia de vidas desperdiçadas: amores que não geram relações enriquecedoras, talentos que não levam carreiras ao sucesso, etc. Ter objetivos evita desperdícios de tempo, energia e dinheiro.
 
6. Cuide bem do seu corpo. Alimentação, sono e exercício são fundamentais para uma vida saudável. Seu corpo é seu templo. Quando você tiver 60 anos, alguém pode lhe pedir para fazer algo realmente grande.
 
7. Qualifique os relacionamentos profissionais. Os amigos são a melhor referência em crises e a melhor fonte de oportunidades na expansão. Ter bons contatos é essencial em momentos decisivos.
8. Tenha um orientador. Viver sem é decidir na neblina, sabendo que o resultado só será conhecido, quando pouco resta a fazer. Procure alguém de confiança, de preferência mais experiente e mais bem sucedido, para lhe orientar nas decisões, caso precise.
 
9. Jogue fora o vício da preocupação. Viver tenso e estressado está virando moda. Parece que ser competente e estar de bem com a vida são coisas incompatíveis. Bobagem... Defina suas metas, conquiste-as e deixe as neuras para quem gosta delas. 
 
10. Tenha amigos vencedores. Aproxime-se de pessoas com alegria de viver, celebre as vitórias e compartilhe o sucesso, mesmo as pequenas conquistas, com pessoas queridas. Grite, chore, encha-se de energia para os desafios seguintes.
 
11. Arrisque! A vida não é para covardes. Quem fica a noite em casa sozinho, só terá que decidir que pizza pedir. E o único risco será o de engordar. 
 
12. Tenha uma vida espiritual. Conversar com Deus é o máximo, especialmente para agradecer. Ore antes de dormir. Faz bem ao sono e a alma. Oração e meditação são fontes de inspiração.
 
Um  abraço e feliz viagem em 2010!

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Recebi essa mensagem, da minha amiga Ana Maria ( Minas Gerais). Obrigada!!


quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A Postura do Aluno diante da Discussão Filosófica, por Sérgio Biagi Gregório





A discussão filosófica envolve as noções de análise, principalmente a análise de conceitos. O que significa analisar? Analisar é não só decompor e discernir as diferentes partes de um todo, mas também reconhecer as diferentes relações que elas mantêm, quer entre si, quer com o todo. Em outras palavras, analisar é ousar enfrentar a complexidade, é fazer-se "engenheiro do sentido". O que é um conceito? É o que o dicionário diz? O que se entende por analisar conceitos? Na análise de conceitos devemos distinguir as perguntas sobre fatos, valores e os próprios conceitos.

Entendamos essas distinções. Quando questionamos se o barco afunda com o peso de uma baleia, estamos diante de uma pergunta sobre fatos. Há dados técnicos sobre o barco: tamanho, resistência e durabilidade. Se, por outro lado, quisermos saber se uma dada pessoa gosta de transportar baleia de barco ou de navio, estamos diante de uma pergunta sobre valores. Agora, se quisermos saber o que é um barco ou o que é uma baleia ou, ainda, se baleia é peixe, estamos diante de uma pergunta sobre conceitos.

As perguntas sobre conceitos deixam as pessoas – de mentes arrumadinhas – meio atrapalhadas. Dá-se a impressão que, depois de uma reunião onde se discutiu, discutiu, ninguém chegou a lugar nenhum. Parece que estamos procurando pelo em ovo. Mas justamente nesse ponto, ou seja, na tentativa de verificar o conceito é que vamos nos tornando mais conscientes do significado ou dos vários usos que uma palavra pode assumir. 

Tomemos, arbitrariamente, a palavra "eu". O que significa o "eu"? O que os dicionários dizem? E a filosofia? E a psicologia? Independentemente de toda a literatura, o que você pensa sobre o "eu"? Qual o seu parecer? O "eu" é independente ou dependente do "nós"? Em outras palavras: quando o "eu" é "eu"? Diariamente, somos bombardeados pelas informações do rádio, da televisão, dos jornais etc. Que tipo de influência isso exerce sobre o nosso "eu"? O "eu" é imune aos elogios e às censuras? O "eu" dá a idéia de egoísmo ou o "eu" faz parte da Humanidade? Ortega y Gasset dizia: "Eu sou eu mais as minhas circunstâncias". Poderíamos acrescentar: somente as circunstâncias presentes ou aquelas que envolvem encarnações passadas? Quando Jesus disse para nos salvarmos, referia-se a um "eu" particular ou à humanidade como um todo?

A discussão filosófica deve criar condições para que cada um possa pensar por si mesmo. O que se entende por pensarmos por nós mesmos? Seria meditarmos num lugar à parte, isolando-nos e mantendo-nos em êxtase? O pensar por nós mesmos é participarmos da sociedade, tendo, porém, o cuidado de não sermos expectadores de frutos de vitrine, ou seja, repetidores do que os outros disseram. Temos de fazer com que os pensamentos alheios façam parte de nós mesmos. Por isso, a recomendação de moermos e remoermos as informações até que eles possam entrar em nosso psiquismo, em nossos sentimentos e em nossas emoções.

Exercício proposto: "Quem não vem pelo amor vem pela dor". Tomemos as duas palavras mais fortes: amor e dor. Na frase, o amor exclui a dor e vice-versa. Será isso uma verdade? Nós não podemos amar na dor? E quando a pessoa vai por curiosidade? Isto invalida a frase acima? O que você acha? Qual o seu parecer?


Fonte: http://www.ceismael.com.br/filosofia/postura-do-aluno-filosofia.htm

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Um Canto de Natal, por Guilherme Modkovski *



É de senso comum que durante as festividades de fim de ano as pessoas estão mais vulneráveis à depressão e ao suicídio. Contrariando esta crença, estudos apontam uma diminuição das internações em hospitais e emergências psiquiátricas bem como das tentativas de suicídio e de suicídios consumados durante este período. Objetivamente, o que acontece é uma redução em até 40% desses desfechos. O que pode significar que, em verdade, esse é um período de maior proteção contra essas fatalidades. Nas festas de Natal e Ano-Novo, procuramos nos aproximar das pessoas que nos são queridas e nos envolvemos em rituais festivos. Talvez seja na reunião em torno desses rituais, e não nos rituais em si, que resida a propriedade protetora desta época do ano.

Mas nenhum mito surge sem razão. Também é verdade que neste período muitas pessoas são acometidas por sentimentos de tristeza e angústia. Para refletirmos sobre essas angústias, proponho nos remetermos à obra de Charles Dickens Um Canto de Natal. É a insólita história de um Natal da vida de Ebenezer Scrooge, um velho avarento e amargo que recebe assustadora visita de três fantasmas: o dos Natais passados, o do Natal presente e o dos Natais futuros.

A história foi amplamente revisitada e adaptada para cinema, teatro e televisão devido ao sucesso com que simboliza o nosso próprio mundo de pensamentos, sentimentos e fantasias inconscientes. Assim, é possível associar a visita do fantasma dos Natais passados aos nossos sentimentos de perda, aos entes queridos que se foram, às reuniões familiares agora impossíveis, aos Natais de ouro da infância, aos relacionamentos amorosos findados etc. Também representam a frustração e o arrependimento pelo que não se fez, não se conquistou ou não se mudou. Este último sentimento nos leva às assombrações do Natal presente. As expectativas de reunião, de uma festa perfeita, de comprarmos, recebermos e darmos muitos e belos presentes e de assim obtermos nada mais que a felicidade dourada e perfeita.

A virada de ano é também um marco cultural da passagem do tempo. Outro ciclo solar se completa e somos forçados a uma reflexão existencial. A ideia da transitoriedade, de um movimento inexorável em direção ao fim da vida, que negamos de uma forma ou de outra na maior parte do tempo, nos é esfregada na cara como uma verdade incontestável. Este vislumbre translúcido e irreal dá lugar a angústias sem nome, tristezas sem causa aparente, crises de pânico, pesadelos terroríficos, temores hipocondríacos e toda sorte de sofrimentos da esfera psíquica. Por trás deles, sob o véu do último fantasma, ali está ela: a concretude do fim. Cada pessoa a experimenta de forma particular, não se tratando de uma doença depressiva, mas sim de uma vivência humana universal e natural.

Voltando à história de Scrooge, após ser obrigado a contemplar a própria lápide, ele consegue se libertar. Finalmente lhe sobrevém o entendimento de que há um tempo a nós destinado que nos é muito precioso. Scrooge abandona seus hábitos avarentos que lhe serviam de defesa contra a ideia da morte. A aceitação da finitude lhe permitiu focar-se na vida e nas pessoas significativas. Assim, acredito que cada um que se permitir desembrulhar este belo presente de sua terrível embalagem poderá desfrutar de uma vida mais plena. Um feliz Natal a todos.





* Médico psiquiatra


Fonte: Jornal Zero Hora 


Imagem em: blogs.jovempan.uol.com.br/.../ 

sábado, 19 de dezembro de 2009

Capacidade de indignação, por Antônio Mesquita Galvão *




A palavra indignação tem sua origem em uma reação diante de algo indigno. Trata-se de um sentimento de revolta experimentado frente a uma indignidade, injustiça, afronta ao bem comum ou desprezo à ética social.
A indignação sempre aponta para uma reação ética contra atitudes, sejam do cotidiano sociofamiliar ou das relações políticas, em que os juízos de valor revelam a ilicitude e/ou impropriedade de algum tipo de comportamento.
A indignação ética desencadeia necessariamente um tipo de reação em que a pessoa toma consciência de algum ilícito e parte para uma demonstração, formal, pacífica ou até violenta de inconformidade.
Há dias, escutei um programa em uma rádio de Porto Alegre em que o assunto “indignação” foi enfocado, a partir da agressão sofrida por Silvio Berlusconi, quando um cidadão italiano, abalado com tanta corrupção moral, botou para fora toda a sua revolta contra aquele homem público. Revendo alguns fatos, passados e não tão passados, recordei a revolta da torcida do Coritiba; a mulher que quebrou os vidros de um hospital que deixou de atender sua filha de dois anos; a sapatada que um jornalista iraquiano deu em Bush, e outras tantas passeatas frente à casa de políticos que se veem por aí.
Essas agressões, todas elas injustificáveis, denotam a que ponto chega a exasperação das pessoas. Quando não se bota para fora a indignação, ela vai se comprimindo num processo de recalque, qual uma mola pressionada. Um dia, o disparo é inevitável. É perigoso o estouro de uma indignação.
No terreno das indignações com os descaminhos políticos, alguns ingênuos costumam citar o voto como ferramenta de faxina na sociedade. Trata-se de um ledo engano. Primeiro, porque a mudança vai levar quatro anos; depois, porque muitos conseguem se reeleger, e, por último, não é raro a gente eleger alguém que parecia sério e competente e depois se revela um desastre. A indignação nasce do sentimento de impotência que temos diante de fatos que contrariam o bom senso, a ética e a decência.
São vazias certas manifestações de desconformidade, pois a corrupção nacional é uma bandeira, a incompetência tornou-se um outdoor dos burocratas, e a indiferença, uma prática usual. A geração crescente de escândalos e a impunidade se tornaram a antítese de nossa capacidade de indignação.
É lamentável constatar que neste país das liminares, de habeas corpus, dos desmentidos do indesmentível e de tantas pizzas, indignar-se é tempo perdido e geração de estresses.

Tema para debate no Jornal Zero Hora - RS.
zerohora.com
Adianta manifestar indignação com a corrupção no país?
* Escritor e filósofo 

Fonte: Jornal Zero Hora 
Imagem:www.depapocomamirna.blogger.com.br/2003_10_01.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Ética e Responsabilidade, por Sérgio Biagi Gregório

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é refletir sobre a ética e a responsabilidade, no sentido de motivar as nossas ações para a prática do bem. Assim, analisaremos o problema do comportamento ético-moral e a autodeterminação do indivíduo dentro da sociedade.

2. CONCEITO

Ética - do gr. ethos significa originalmente morada, seja o habitat dos animais, seja a morada do homem, lugar onde ele se sente acolhido e abrigado. O segundo sentido, proveniente deste, é costume, modo ou estilo habitual de ser. A morada, vista metaforicamente, indica justamente que, a partir do ethos, o espaço do mundo torna-se habitável para o homem. Assim, o espaço do ethos enquanto espaço humano, não é dado ao homem, mas por ele construído ou incessantemente reconstruído. (Nogueira, 1989)

Responsabilidade - do lat. responsabilitas, de respondere = responder, estar em condições de responder pelos atos praticados, de justificar as razões das próprias ações. De direito, todo o homem é responsável. Toda a sociedade é organizada numa hierarquia de autoridade, na qual cada um é responsável perante uma autoridade superior. Quando o homem infringe uma de suas responsabilidades cívicas, deve responder pelo seu ato perante a justiça. (Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo)

Responsabilidade moral. Filos. 1. Situação de um agente consciente com relação aos atos que ele pratica voluntariamente. 2. Obrigação de reparar o mal que se causou aos outros. (Dicionário Aurélio)

3. HISTÓRICO

3.1. ANTIGUIDADE

Desde que o homem teve de viver em conjunto com outros homens, as normas de comportamento moral têm sido necessárias para o bem estar do grupo. Muitas destas normas eram extraídas das religiões existentes, que cheias de dogmas e tabus impunham uma dose de irracionalidade ao valor moral. Mesmo entre os chineses, que não possuíam uma religião organizada, havia muitas normas esotéricas de comportamento ético.

A especulação exotérica começa somente com o pensamento grego. Sócrates, Platão e Aristóteles são os seus principais representantes. Sócrates dizia que a virtude é conhecimento; e o vício, é o resultado da ignorância. Então, de acordo com Sócrates, somente a educação pode tornar o homem moralizado. Platão estabelece que a vida ética é gradativamente mais elevada pela adequação desta às idéias (eide) superiores, análogas à forma do bem. Aristóteles deu à ética bases seguras. Dizia que o fim do homem é a felicidade temporal da vida de conformidade com a razão, e que a virtude é o caminho dessa felicidade, e esta implica, fundamentalmente, a liberdade.

3.2. IDADE MÉDIA

Na Idade Média, os valores éticos são condicionados pela religião cristã, especificamente o Catolicismo. A Patrística e a Escolástica são os seus representantes. Nesse período, dá-se ênfase à revelação dos livros sagrados. O Pai, o Filho e o Espírito Santo determinam as normas de conduta. Jesus, que é filho e Deus ao mesmo tempo, torna-se o grande arauto de uma nova ética, a ética do amor ao próximo. Porém, essa ética é conspurcada pelos juízos de valores de seus representantes, que distorcem a pureza do cristianismo primitivo.

As exortações católicas mantiveram-se por longos anos. Contudo, no século XVI começou a sofrer a pressão do Protestantismo, ou seja, a reação de algumas Igrejas às determinações da Igreja de Roma. Para os protestantes, a ética não é baseada na revelação, mas nos valores éticos, examinados e procurados de per si. A revelação religiosa pertence à religião. O filósofo ético deve procurar os fundamentos ontológicos dessa disciplina, tão longe quanto lhe seja possível alcançar.

3.3. IDADE MODERNA

Kant, o quebra tudo, surge nesse contexto. Para Kant a Ética é autônoma e não heterônoma, isto é, a lei é ditada pela própria consciência moral e não por qualquer instância alheia ao Eu. Como vemos, Kant dá prosseguimento à construção da própria moral. Não espera algo de fora. Aquilo que o homem procura está dentro dele mesmo. Muitos são os filósofos que seguiram Kant. Depois destes, surgem Scheller (1874-1928) , Müller, Ortega y Gasset etc., que penetram na ética axiológica, ou seja, estuda a ética do ângulo dos valores. (Santos, 1965)

4. ÉTICA E MORAL

Ética - do grego ethos significa comportamento; Moral - do latim mores, costumes. Embora utilizamos os dois termos para expressarmos as noções do bem e do mal, convém fazermos uma distinção: a Moral é normativa, enquanto a Ética é especulativa. A Moral, referindo-se aos costumes dos povos nas diversas épocas, é mais abrangente; a Ética, procurando o nexo entre os meios e os fins dos referidos costumes, é mais específica. Pode-se dizer, que a Ética é a ciência da Moral.

Ética e Moral distinguem-se, essencialmente, pela especulação da Lei. A Ética, refere-se à norma invariante; a Moral, à variante. Contudo, há uma relação entre ambas, pois a sistematização da segunda tem íntima relação com a primeira.

O caráter invariante da Lei possibilita-nos questionar: de onde veio? Quem a ditou? Por que? Com que fim? A resposta dos transcendentalistas é que ela é heterônoma, isto é, veio de fora do "eu". Deus seria o autor da norma. Liga-se, assim, Filosofia e Religião. Para os cristãos, as normas éticas estão centradas nos Dez Mandamentos; a resposta dos imanentistas é que ela é autônoma, isto é, surge das tensões das circunstâncias. (Santos, 1965)

5. AUTODETERMINAÇÃO E RESPONSABILIDADE

A autodeterminação expressa a essência do ser. É o poder que temos de atualizar nossas virtualidades. O pensamento científico auxilia, mas são os aspectos psicológicos, ideológicos, religiosos e filosóficos que emprestam o maior peso à nossa deliberação na vida. As virtualidades podem ser ativas e passivas. Se ativas, já estão determinadas de uma forma; se inativas, sabemos que estão em ato sob uma forma, mas que podem ser assumidas de outra forma, isto é, que são especificamente diferentes do que podem ser.

A ação humana, embora restrita à responsabilidade pessoal, tem como objetivo o interesse público. A vivência, semelhante à do eremita no deserto, é uma exceção. A questão ética diz respeito ao auxílio que cada um possa exercer na transcendência do outro. Em realidade, é a criação de condições para que o outro realize plenamente o seu projeto de vida ao qual foi destinado.

O princípio da autodeterminação moral é a base do comportamento ético adulto. Deixar-se guiar-se pelas máximas alheias é perder o eu em si mesmo. Segundo Sócrates, o ethos verdadeiro é agir de acordo com a razão, que se eleva acima do consenso da opinião da multidão, para atingir o nível da objetividade própria do saber demonstrativo. A autonomia, assim, não se realiza na solidão, mas se consolida pelo contato entre os seres humanos.

A lei é o farol da ética. Sua origem etimológica encontra-se no termo nomos de que o vocábulo lei (lex) é a tradução latina. Nomos vem do verbo nemo que significa dividir, repartir com outro, sugerindo a idéia de justiça. Dessa forma, as ações individuais no cumprimento dos deveres, devem salvaguardar a liberdade própria e a do outro. Por isso, Voltaire afirma com veemência: "Não concordo com o que você diz, mas defenderei o direito de você dizê-lo até o fim". (Nogueira, 1989)

6. COMPORTAMENTO ÉTICO

A reflexão sobre o ethos leva-nos à prática do amor. O verdadeiro exercício do amor longe está das proibições e interdições de que a moral propõe. É uma autodeterminação que envolve a autonomia da vontade na busca da atualização do ser. Assim, não é agir de qualquer jeito, mas de forma ordenada, generosa, que promova a pessoa e os direitos do outro, sobretudo quando esses direitos são espezinhados.

O comportamento ético não consiste exclusivamente em fazer o bem a outrem, mas em exemplificar em si mesmo o aprendizado recebido. É o exercício da paciência em todos os momentos da vida, a tolerância para com as faltas alheias, a obediência aos superiores em uma hierarquia, o silêncio ante uma ofensa recebida.

7. CONCLUSÃO

A Ética, a Moral e a Responsabilidade determinam a perfeição do ser. Acostumados a confundir os meios com os fins, não conseguimos visualizar claramente o fim último da existência humana. Por isso, o erro crasso de conceber a Moral como um mero e fastidioso catálogo de proibições. O fim do homem é, pois, o de realizar, pelo exercício de sua liberdade, a perfeição de sua natureza. Implica, muitas vezes, a obediência à vontade de Deus, contrariando a própria, se assim delimitar, o dever, imposto pela sua consciência.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro, M.E.C., 1967. FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, s/d/p. NOGUEIRA, J. C. Ética e Responsabilidade Pessoal. In MORAIS, R. de. Filosofia, Educação e Sociedade (Ensaios Filosóficos). Campinas, SP, Papirus, 1989. SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed., São Paulo, Matese, 1965.

São Paulo, maio de 1999.

Fonte: http://www.ceismael.com.br

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Minto, logo existo .

Leitura recomendada: Blog da Philoterapia, do filósofo Sérgio Peixoto Mendes

Excelente artigo, vale a pena ler:

Minto, logo existo

O orgulho, no seu sentido pejorativo e vulgar, tem sido a causa de muitos males e desavenças nos dias atuais. O sujeito orgulhoso não consegue, na maioria das vezes, admitir seus próprios erros e, geralmente, opta por mentir em detrimento de um simples e mágico pedido de desculpas. O orgulho e o autoritarismo, que tenta impor uma verdade particular, estão radicalmente ligados a mentira. Reconhecer o erro poderia facilitar a vida de muita gente, mas, para que facilitar se é mais fácil mentir, enrolar e sair impune? Justificar-se com argumentos falaciosos e esfarrapados, corrompido pela mentira, é um caminho aparentemente mais fácil, entretanto, é uma opção burra, apesar de uso muito corriqueiro na vida política e por todo tipo de autoridade. Mentir virou uma arte neste meio público, nele sobrevive quem mente melhor, quem nega com mais veemência.

Hoje é muito comum o sujeito negar a própria imagem. Gente flagrada com a “mão na botija” recebendo propina, gravada em vídeo e áudio, nega. Políticos flagrados em discursos contraditórios negam e pedem para esquecer o que disseram no passado. Do ponto de vista mais filosófico, pode-se dizer que há uma re-invenção dupla do cogito cartesiano que hoje seria mais ou menos assim: Penso, logo minto e Minto, logo existo. Ou algo ainda mais ilógico: eu não sou eu. É o tempo do sujeito que nega a si mesmo diante da sua própria imagem. Recentemente foi assunto na mídia o caso de Odair Silis, prefeito da cidade de Monte Castelo, a 677 km de São Paulo, suspeito de exigir propina na execução de uma obra pública na cidade. O político negou a imagem mostrada na TV minutos antes, sem o menor constrangimento. É impressionante a anterioridade da mentira em relação ao pedido de perdão e, da tão bem vinda, “minhas desculpas, errei”, ou, como diz a garotada: foi mal, tio. O reconhecimento do erro é uma arte incomum, pois tem na sua base uma virtude ainda maior e mais difícil, a humildade. Esta caiu em desuso há muito tempo. Humilde é otario, indivíduo tolo e ingênuo e que, provavelmente, não irá chegar a lugar nenhum, pois todos irão enganá-lo antes.

Caro leitor, experimente ser humilde, bondoso e sensível no trânsito, por exemplo. Experimente falar a verdade o tempo todo. Ensaie pedir desculpas pelos seus erros. Verás que tua vida mudará completamente. Não irá faltar gente ao seu lado para orientá-lo a se internar num sanatório, mas, persista, lute contra esta selva de pedra, dê o seu exemplo, não cuspa no chão, junte os dejetos do seu cachorro, vá em frente. Esmague o seu ego, tenha coragem para nunca ter de dizer: eu, não sou eu.

Infeliz é aquele que renega a si mesmo diante de um delito – ou mesmo diante de um espelho - este se mortifica diante de seu passado, pois, de forma funesta se abraçou às facilidades da arte de enganar, a si mesmo e aos outros. Apesar de colher alguns benefícios passageiros vão se dar mal logo ali adiante.

Sérgio Peixoto Mendes, filósofo.

Contato: autor@sucatinhas.com.br

Fonte:Blog da Philoterapia

sábado, 28 de novembro de 2009

Método da Filosofia

· O MÉTODO E OS PROBLEMAS

Método - do grego methodos significa caminho para chegar a um fim.

Todo método, seja na filosofia ou em qualquer outro campo, tem por finalidade formular ou tentar afirmações, previsões e explicações, e, no caso específico da filosofia, descobrir meios de chegar a uma reflexão mais precisa e eficaz sobre o eu, o outro e o mundo da natureza.

Entretanto, os métodos úteis para solucionar um certo conjunto de problemas podem ser totalmente ineficazes para solucionar outros conjuntos.

Lembremo-nos, porém, de que ainda há problemas para os quais não se conseguiu nenhum método capaz de proporcionar uma solução (1).

· DIALÉTICA

Sócrates inaugura o método quando institui a maiêutica, ou seja, a arte de perguntar.

Platão aperfeiçoa a maiêutica de Sócrates e a transforma no que ele chama dialética.

A dialética platônica conserva a idéia de que o método filosófico é uma contraposição, não de opiniões distintas, mas de uma opinião e a crítica da mesma. Conserva pois, a idéia de que é preciso partir de uma hipótese primeira e depois ir melhorando, à força das críticas que se lhe fizerem.

Em Hegel, abrange três momentos: 1º) o positivo, da unidade; 2º) o negativo, da divisão; 3º) o da nova unidade. Este processo renova-se constantemente. Exemplo: posição - botão; divisão - flor; nova unidade - fruto (2).

· A LÓGICA E A DISPUTA

Aristóteles atenta para este movimento da razão intuitiva que passa, por meio da contraposição de opiniões, de uma afirmação à seguinte e desta à seguinte.

Esforça-se para encontrar a lei em virtude da qual, de uma afirmação passamos à seguinte.

As leis do silogismo, suas formas, suas figuras, são, pois, o desenvolvimento que Aristóteles faz da dialética.

Esta concepção da lógica como método da filosofia é herdada de Aristóteles pelos filósofos da Idade Média, os quais a aplicam com um rigor extraordinário.

O método que seguem os filósofos da Idade Média não é somente, como em Aristóteles, a dedução, a intuição racional, mas também a contraposição de opiniões divergentes. Por isso, a disputa (2).

· DÚVIDA HIPERBÓLICA

Paradoxalmente, é o caminho da dúvida que leva Descartes ao método que nos conduz ao conhecimento de todas as coisas.

Descartes parte da seguinte idéia: aquilo que nos enganou, mesmo uma só vez, nunca mais merece a nossa confiança, tornando-se duvidoso. Aquilo que é duvidoso deve ser considerado como falso, pois a realidade só comporta dois valores: o verdadeiro ou falso.

Duvida de tudo. A dúvida, no caso, será sistemática e geral, mas não cética, pois o projeto de Descartes não visa a fechar-se dentro da dúvida, mas antes utilizá-la como instrumento para superar a própria dúvida (1).

· A FENOMENOLOGIA COMO MÉTODO

O método fenomenológico, que encontra a sua primeira formulação em Edmund Husserl, tem por intuito primeiro elaborar uma descrição rigorosa da realidade.

A essa realidade Husserl chama fenômeno, aquilo que se oferece à minha observação intelectual, isto é, à observação pura.

Para poder chegar a essa observação pura é necessário deixar de lado todas as idéias preconcebidas, todos os preconceitos, tudo aquilo que ouvimos dizer, tudo aquilo que lemos a respeito (1).

O MÉTODO

Método - do grego methodos significa caminho para se chegar a um fim. Todo método, seja em Filosofia ou em qualquer outro campo, tem por finalidade formular e tentar afirmações, explicações e previsões, com o intuito de descobrir a verdade, contrapondo-se ao erro. Na ciência, utilizamos o método positivo; em filosofia, o método especulativo. Qual o alcance dessa diferença metodológica?

A intuição mística é, muitas vezes, cogitada na especulação filosófica. Não podemos desprezá-la de todo pois o sentimento com relação ao Ser Supremo pode perfeitamente conter parte da verdade. A dificuldade em aceitá-la como método filosófico está no fato de que essa faculdade extra-racional e extra-empírica oferece pouca ou nenhuma garantia de rigor e precisão que o referido método filosófico exige.

A dialética hegeliana, o transcendentalismo de Kant e a fenomenologia descritiva de Husserl constituem os três mais importantes métodos para superar o método filosófico clássico, baseado no empirismo e no racionalismo. Partem de um conhecimento a priori, puro. Eles, porém, não explicam com clareza como chegam a essa pureza do conhecimento. Por isso, os críticos alimentam sérias dúvidas quanto ao êxito desses ensaios, preferindo a opinião de que não passam de formas disfarçadas do método empírico e do método racionalista.

A axiomática hilbertiana possibilitou nova dimensão à técnica reflexiva da filosofia. Segundo as próprias palavras de Hilbert, tudo que pode ser motivo do pensamento científico recai, desde que se integre na estrutura de uma teoria, sob o domínio da axiomática e, portanto, da matemática. É que toda a teoria, segundo ele, é edificada sobre os indemonstráveis (axiomas). Por isso, a suspeita com relação à garantia do conhecimento a priori.

A criação do sistema especulativo, entretanto, é uma atividade puramente estética que não se submete a preceitos racionais. Nada disso porém deverá impedir-nos de reter, apenas os axiomas arbitrariamente escolhidos dos que se mostram mais fecundos no curso do pensamento e do raciocínio abstrato. Desta forma, são a experiência e razão (não o empirismo ou o racionalismo) que devem constituir o critério para o julgamento crítico do valor de nossas proposições.

A especulação filosófica, como vimos, exige o exercício do bom senso. Urge estarmos sempre alerta para não cairmos na mitificação do conhecimento.

QUESTÕES

1) Qual o significado de método?

2) Qual o conceito de dialética?

3) Como Platão aperfeiçoa a maiêutica socrática?

4) No que consiste o método da disputa?

5) Como você explica a dúvida hiperbólica?

6) O que é fenomenologia como método?

TEMAS PARA DEBATE

1) A intuição mística é aceitável como método da filosofia?

2) A tese do conhecimento a priori, defendida por Kant, Husserl e Hegel supera o método baseado no empirismo e no racionalismo?

3) Experiência e razão (não o empirismo ou o racionalismo) devem constituir o critério para o julgamento crítico do valor de nossas proposições. Comente.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

(1) GILES, T. R. O que é Filosofar?

(2) GARCIA MORENTE, M. Fundamentos de Filosofia.

Fonte: http://www.ceismael.com.br/download/apostila/apostife.htm#O%20M%C3%89TODO%20DA%20FILOSOFIA

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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Dia Mundial da Filosofia no Loucuras Filosóficas do Alexandrelli - JustTV - 19 11 09

No décimo quarto programa no dia 19 de Novembro de 2009, Paulo Ghiraldelli Jr e Alexandrelli debatem a importância da filosofia e em que ela consiste. Você realmente sabe o que é filosofia? Por que ainda filosofamos? Confira:
Assista TV pela internet, http://www.justtv.com.br. Fabio Alexandrelli apresenta o filósofo Paulo Ghiraldelli Jr., O Filósofo da Cidade de São Paulo e ambos discutem sobre diversos temas filosóficos. Seus neurônios nunca mais farão sinapses da mesma cor. Na Just TV: http://www.justtv.com.br (direto online no seu PC) . Programa transmitido ao vivo todas as quintas às 19h. Programa exibido dia 19/11/09 Powered By http://www.Goorila.com.br
Acesse e participe da Rede Social do Filósofo Professor Paulo Ghiraldelli Jr.
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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

CONCEITO DE FILOSOFIA

CONCEITO E DEFINIÇÃO

Conceito - do latim conceptu - representação de um objeto pelo pensamento, por meio de suas características gerais.

Definição - do latim definitione. Definir, segundo a lógica formal, é dizer o que a coisa é, com base no gênero próximo e na diferença específica. É enunciar os atributos essenciais específicos de um objeto ou o sentido de um conceito, seu conteúdo e limite, de modo que o torna inconfundível com o outro (1).

O conceito de Filosofia deve ser enunciado de acordo com a época histórica: Antigüidade - os filósofos; Idade Média - os sistemas doutrinários; Idade Moderna e Contemporânea - os problemas.

O PROBLEMA DO CONCEITO DE FILOSOFIA

Colocar o problema do conceito de filosofia é procurar determinar em que termos a filosofia poderá ter assegurada sua autonomia.

O verdadeiro conceito da filosofia deve atender conformemente a quatro problemas específicos:

1º) o da atitude filosófica;

2º) o do objeto da filosofia;

3º) o do método da filosofia;

4º) o do fim da filosofia.

O pensamento grego foi quem melhor se encaminhou para esta visão completa da filosofia (2).

DEFINIÇÃO DE FILOSOFIA

Filosofia - do grego philos e sophia significa “amor à sabedoria”. Filósofo é, portanto, o amante da sabedoria.

Com o decorrer do tempo, entretanto, a palavra filosofia foi perdendo esse seu significado etimológico.

Na própria Grécia Antiga o termo filosofia passou a designar não apenas o amor ou a procura da sabedoria, mas um tipo especial de sabedoria. Aquela que nasce do uso metódico da razão, da investigação racional em busca do conhecimento(3).

A FILOSOFIA ANTIGA

Platão distingue a doxa, opinião, ou seja, o saber que temos sem tê-lo procurado, e a episteme, a ciência, que é o saber que temos porque o procuramos.

Então, a filosofia já não significa “amor à sabedoria”, nem tampouco significa o saber em geral, qualquer saber; senão que significa esse saber especial que temos, que adquirimos depois de tê-lo procurado e de tê-lo procurado metodicamente.

Na filosofia, distinguem-se, ainda, diferentes partes. Na época de Aristóteles, a divisão era: lógica, física, metafísica e ética (4).

A FILOSOFIA NA IDADE MÉDIA

Durante a Idade Média o saber humano dividiu-se em dois grandes setores: teologia e filosofia.

A teologia é o conhecimento acerca de Deus.

A filosofia são os conhecimentos humanos acerca das coisas e da Natureza e até mesmo de Deus por via racional.

Nesta situação a palavra “filosofia” continua designando todo o conhecimento, menos o de Deus. E assim adentrou muito o século XVII (4).

A FILOSOFIA NA ATUALIDADE

A partir do século XVII, o campo imenso da filosofia começa a partir-se. Saem do seio da filosofia as ciências particulares: as matemáticas, física, química etc.

Assim, atualmente, a filosofia é uma ciência que estuda as leis mais gerais do ser, do pensamento, do conhecimento e da ação. É uma concepção científica do mundo como um todo, da qual se pode deduzir certa forma de conduta (5).

CONCEITO DE FILOSOFIA

O conceito de Filosofia deve ser elaborado de acordo com as características filosóficas de um determinado período de tempo, no curso de sua história. Na Antigüidade, os filósofos; na Idade Média, a Escolástica; na Atualidade, os problemas.

Os filósofos gregos da Antigüidade fornecem-nos uma visão completa da Filosofia. A atitude desinteressada na busca do conhecimento objetivava à última redução do real, sem compromissos particulares e limitados. Utilizavam o método demonstrativo não apenas aplicando a um plano lógico, mas metafísico. A finalidade era favorecer a reta razão, a perfeição interior e a autoconsciência do homem.

Na Idade Média não existia uma Filosofia mas correntes de opiniões, doutrinas e teorias, denominadas de Escolástica. Santo Tomás de Aquino e Santo Agostinho são seus principais representantes. Buscava-se conciliar fé com razão. O método utilizado é o da disputa: baseando-se no silogismo aristotélico, partiam de uma intuição primária e, através da controvérsia, caminhavam até às últimas conseqüências do tema proposto. A finalidade era o desenvolvimento do raciocínio lógico.

Na Idade Moderna, as ciências se desprendem do tronco comum da Filosofia. Restam à Filosofia as reflexões sobre a Ontologia ou Teoria do Ser, a Gnoseologia ou Teoria do Conhecimento e a Axiologia ou Teoria dos Valores. O método utilizado é o da intuição: intelectual, emotiva e volitiva. Discutem-se problemas relacionados ao ser, ao pensamento e à conexão entre ambos. A finalidade é a transformação da sociedade pela autoconsciência do indivíduo.

A atitude, o método, o objeto e a finalidade da Filosofia mudam-se no decorrer de sua história. Hoje, já não comporta as cogitações metafísicas e transcendentais, divorciadas da realidade e da vida social. Há que se pensar em transformar a sociedade, oferecendo-lhe subsídios para uma vivência plena e participativa dos indivíduos que a compõem.

Desta forma, o conceito atual de Filosofia fundamenta-se no estudo da essência e do valor de todas as coisas: cosmos, vida, sociedade, natureza. É uma reflexão critica sobre o “eu”, o “nós” e a “natureza”, com a finalidade de tornar mais humana a vida social.

QUESTÕES

1) Qual o significado de conceito?

2) Qual o significado de definição?

3) Qual o conceito de filosofia?

4) Qual o conceito de filosofia na Idade Média?

5) Qual o conceito de filosofia na atualidade?

TEMAS PARA DEBATE

1)A partir da Idade Moderna, a extensão do conhecimento filosófico tendeu a reduzir-se ou a ampliar-se?

2) O método da disputa usado na Idade Média tem utilidade para a Filosofia Moderna?

3) A filosofia é uma reflexão crítica sobre o “eu”, o “nós” e a “natureza”. Comente.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

(1) BAZARIAN, J. Introdução à Sociologia.

(2) MENDONÇA, E. P. de. O Problema do Conceito de Filosofia.

(3) COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia.

(4) GARCIA MORENTE, M. Fundamentos de Filosofia.

(5) BAZARIAN, J. O Problema da Verdade.

Por Sérgio Biagi Gregório

Fonte:http://www.ceismael.com.br/

domingo, 22 de novembro de 2009

VOCABULÁRIO FILOSÓFICO

“A Posteriori” - Aquilo que é estabelecido e afirmado em virtude da experiência.

“A Priori” - Independente da experiência sensível

Absoluto - O que não comporta nenhuma limitação, restrição ou dependência. O contrário de relativo.

Abstração - Operação pela qual o espírito separa mentalmente coisas de fato inseparáveis.

Abstrato - O que resulta de uma abstração. O contrário de concreto.

Acidente - O que pode ser modificado ou suprimido sem que a coisa em que existe mude de natureza ou desapareça.

Análise - Operação pela qual o espírito vai do composto ao simples, do todo para suas partes componentes.

Analogia - Argumentação pela semelhança, segundo a qual, do fato de um atributo convir a um sujeito, se deduz a sua conveniência com um sujeito semelhante.

Antropocentrismo - Doutrina que coloca o homem no centro do universo e medida de todas as coisas.

Antropomorfismo - Doutrina que representa todos os seres tomando por modelo a natureza humana.

Argumento - É a expressão verbal de um raciocínio.

Automatismo - Movimento que escapa à direção dos centros superiores. Atividade psíquica inconsciente.

Axiologia - Teoria dos valores em geral, especialmente dos valores morais (do grego “axios”: valioso, desejável, estimado)

Axioma - Verdade que não se precisa demonstrar, por ser evidente por si mesma.

Belo - No sentido objetivo, é o esplendor do ser. No sentido subjetivo, é aquilo cuja contemplação causa prazer.

Bem - Aquilo que possui um valor moral positivo, constituindo o objeto ou o fim da ação humana.

Ceticismo - Concepção filosófica segundo a qual o conhecimento certo e definitivo sobre algo pode ser buscado, mas não atingido.

Ciência - Objetivamente, é um conjunto de verdades certas, logicamente encadeadas entre si, de modo a fornecer um sistema coerente. Subjetivamente, é um conhecimento certo das coisas por suas causas ou por seus princípios.

Conceito - Representação intelectual de um objeto. O mesmo que idéia ou noção.

Concreto - Aquilo que é efetivamente real ou determinado.

Conhecimento - Apropriação intelectual de determinado campo empírico ou ideal de dados, tendo em vista dominá-los e utilizá-los.

Conotação - Significado segundo, figurado, às vezes subjetivo, dependente de experiência pessoal de um signo.

Consciência - Em moral, é a faculdade que o homem tem de julgar o valor moral dos seus atos.

Contradição - Ato de afirmar e de negar, ao mesmo tempo, uma mesma coisa.

Cosmo - Designa o mundo enquanto ele é ordenado e se opõe ao caos: mundo considerado como um todo organizado, como uma ordem hierarquizada e harmoniosa.

Cosmogonia - Teoria sobre a origem do universo geralmente fundada em lendas ou em mitos e ligada a uma metafísica.

Cosmologia - Parte da filosofia que tem por objeto o estudo do mundo exterior, isto é, da essência da matéria e da vida.

Crítica - Atitude que consiste em separar o que é verdadeiro do que é falso, o que é legítimo do que é ilegítimo, o que é certo do que é verossímil.

Dedução - Raciocínio que nos permite tirar de uma ou várias proposições uma conclusão que delas decorre logicamente.

Definição - Do latim definitione. Definir, segundo a lógica formal, é dizer o que a coisa é, com base no gênero próximo e na diferença específica.

Denotação - Significado primeiro e imediato de um signo (palavra, imagem etc.). Ver conotação.

Dever - Necessidade de realizar uma ação por respeito à lei civil ou moral.

Devir - Transformação incessante e permanente pela qual as coisas se constróem e se dissolvem noutras coisas através do tempo.

Dialética - Arte de discutir; tensão entre os opostos.

Dogma - Em filosofia, doutrina ou opinião filosófica transmitida de modo impositivo e sem contestação por uma escola ou corrente filosófica. Em religião, doutrina religiosa fundada numa verdade revelada e que exige o acatamento e a aceitação dos fiéis. No catolicismo, o dogma possui duas fontes: as Escrituras e a autoridade da Igreja.

Dogmatismo - Doutrina dos que pretendem basear seus postulados apenas na autoridade, sem admitir crítica nem discussão.

Doutrina - Conjunto de princípios, de idéias, que servem de base a um sistema religioso, político, filosófico ou científico.

Doxa - Em grego significa opinião, juízo, ponto de vista, crença filosófica e também a fama, a glória humana.

Dúvida - Estado da mente em que não há assentimento firme sobre um juízo, por que se teme ser falso.

Dúvida Hiperbólica - Método de conhecimento que tem por objetivo descobrir a verdade (Descartes).

Empirismo - Caráter comum dos sistemas filosóficos que consideram a experiência como único critério de verdade.

Epifenômeno - Concepção que faz da consciência um fenômeno acessório e secundário, um simples reflexo, sem influência sobre os fatos de pensamento e conduta.

Epistemologia - (episteme, “ciência”): estudo do conhecimento científico do ponto de vista crítico, isto é, do seu valor; crítica da ciência; teoria do conhecimento.

Erro - É o conhecimento que não reflete fielmente a realidade e por isso mesmo não corresponde à realidade.

Escatologia - Doutrina que diz respeito aos fins últimos da humanidade, da natureza ou do indivíduo depois da morte.

Escolástica - Escola filosófica da Idade Média, cujo principal representante é Santo Tomás de Aquino. No sentido pejorativo, que decorre da escolástica decadente, o termo escolástico se refere a todo pensamento formal, verbal, estagnado nos quadros tradicionais.

Esotérico - Todo o ensinamento ministrado a círculo restrito e fechado de ouvintes. Saber secreto. Em oposição, exotérico é o saber público, aberto a todos.

Essência - Aquilo que a coisa é ou que faz dela aquilo que ela é.

Eternidade - Caráter do ser subtraído à mudança e ao tempo. Posse indivisível, perfeita e simultânea de uma vida sem fim.

Ética - Parte da Filosofia que se ocupa com o valor do comportamento humano. Investiga o sentido que o homem imprime à sua conduta para ser verdadeiramente feliz.

Evidente - Aquilo que se impõe a nós de modo direto e imediato.

Existência - O fato de a coisa estar aí, sem necessidade, de modo contingente (existencialismo).

Existencialismo - Conjunto de doutrinas que se opõem ao racionalismo e ao idealismo e que admitem que o objeto próprio da filosofia é a realidade existencial, isto é, existência concreta e vivida, e que o único meio que possuímos para entrar em contato com ela consiste no sentimento ou emoção

Facticidade - Caráter do que existe como puro fato.

Fato social - São todas as formas de associações e as maneiras de agir, sentir e pensar, padronizadas e socialmente sancionadas.

Fenômeno - Aquilo que se oferece à observação intelectual, isto é, à observação pura

Fenomenologia - No sentido geral, é o estudo descritivo de um conjunto de fenômenos tais como se manifestam no tempo ou no espaço, em oposição às leis abstratas e fixas desses.

Fideísmo - Doutrina segundo a qual as verdades fundamentais da ordem especulativa ou da ordem prática não devem ser justificadas pela razão, mas simplesmente aceitas como objeto de pura crença.

Filosofia - Sistema de conhecimentos naturais, metodicamente adquiridos e ordenados que tende a explicar todas as coisas por seus primeiros princípios e suas razões fundamentais.

Fim - Via de regra, na terminologia filosófica, este vocábulo não designa o mero termo, ou seja, o último de uma série, mas sim “aquilo pelo qual (id, propter quod) alguma coisa existe ou se faz (fit).

Gnose - Conhecimento esotérico e perfeito das coisas divinas pela qual se pretende explicar o sentido profundo de todas as religiões.

Gnoseologia - Teoria do conhecimento que tem por objetivo buscar a origem, a natureza, o valor e os limites da faculdade de conhecer.

Hermenêutica - Parte da crítica histórica que consiste em decifrar, traduzir e interpretar os textos antigos.

Heterodoxia - Crença contrária aos princípios aceitos na época.

Heurístico - Aquilo que se refere à descoberta e serve de idéia diretriz numa pesquisa. Um método é heurístico quando leva o aluno a descobrir aquilo que se pretende que ele aprenda.

Ideal - O que se concebe como um tipo perfeito.

Idealismo - Caráter geral dos sistemas filosóficos que negam a objetividade do conhecimento e reduzem o ser ao pensamento.

Idéia - Representação intelectual de um objeto.

Imagem - Representação sensível de um objeto.

Imaginação - Faculdade de representar ou de combinar imagens.

Imanente - O que está contido na natureza de um ser.

Inato - Tudo aquilo que existe num ser desde seu surgimento e que pertence à sua natureza. opõe-se a adquirido, aprendido.

Indeterminismo - Doutrina segundo a qual o homem é dotado de livre-arbítrio.

Indução - Raciocínio ou forma de conhecimento pelo qual passamos do particular ao universal, do especial ao geral, do conhecimento dos fatos ao conhecimento das leis.

Instinto - Atividade automática, existente sobretudo no animal, caracterizada por um conjunto de reações bem determinadas hereditárias, específicas, idênticas na espécie. Não confundir com intuição.

Intuição - Forma de conhecimento que permite à mente captar algo de modo direto e imediato.

Inútil - Significa o que não tem um fim noutro, ou seja, não tem fim algum, ou tem um fim em si mesmo.

Juízo - Faculdade ou ato de julgar, de afirmar relações de conveniência ou desconveniências entre duas idéias.

Justiça - No sentido restrito, é a constante e perpétua vontade de conceder o direito a si próprio e aos outros, segundo a igualdade; no sentido moral, significa o respeito que há em cada um de dar a cada um o que é seu.

Lei - Relação necessária entre dois acontecimentos. Lei científica: aquela que estabelece entre os fatos relações mensuráveis, universais e necessárias, autorizando a previsão.

Lei Moral - Compreende o conjunto de normas éticas resultantes da situação do homem na realidade e que, anteriormente a toda estipulação ou convenção, obrigam fundamentalmente a todos os homens.

Lei Natural - Em sentido filosófico, é uma ordenação para determinada atividade insita nas coisas naturais. Recebe o nome de lei, porque por meio desta disposição foi dada aos seres da natureza uma necessidade para operar, necessidade diversa, segundo a natureza da coisa: é diferente no domínio inorgânico, no orgânico e no humano-espiritual. Neste último domínio, lei natural eqüivale a lei moral natural; sua necessidade consiste no dever da obrigação.

Liberalismo - Doutrina que preconiza a liberdade política ou a liberdade de consciência.

Liberdade - Capacidade de poder agir por si mesmo, com autodeterminação, independentemente de toda a coerção exterior.

Livre-Arbítrio quer dizer juízo livre. É a capacidade de escolha pela vontade humana entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, conscientemente conhecidos.

Lógica - Ciência das leis ideais do pensamento e a arte de aplicá-los corretamente na pesquisa e na demonstração da verdade.

Logos - Significa discurso, palavra (verbo), palavra dotada de sentido.

Maiêutica - Método socrático de interrogação, como a parteira dá à luz os corpos, procura “dar à luz” os espíritos para levar seus interlocutores a descobrirem a verdade que eles trazem em si sem o saber. Por extensão, método pedagógico que permite ao mestre apenas dirigir a pesquisa do aluno, este devendo encontrar a verdade por sua própria reflexão.

Marxismo - Teoria econômica, social, política e filosófica elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels, utilizada ao mesmo tempo como método de análise dos fenômenos sociais e como princípios de uma prática revolucionária.

Materialismo - Doutrina segundo a qual toda a realidade, inclusive a espiritual, se reduz à matéria e suas modificações.

Materialismo Dialético - O materialismo dialético é a união do materialismo clássico com a dialética de Hegel, e representa o núcleo filosófico do marxismo.

Metafísica - Parte da filosofia que procura os princípios e as causas primeiras e que estuda o ser enquanto ser.

Método - do grego methodos significa caminho para chegar a um fim.

Misticismo - Crença numa ordem de realidades sobrenaturais e na possibilidade de uma união íntima e direta com Deus.

Mito - Relato fabuloso contando uma história que serve ao mesmo tempo de origem e justificação de um grupo social.

Monismo - Teoria segundo a qual a realidade é formada de uma única substância, pois só existe um princípio fundamental, seja a matéria, seja o espírito.

Monoideísmo - Estado patológico, caracterizado pela tendência de uma pessoa retornar sempre em seu pensamento e em sua palavra a um só tema, uma idéia fixa, que é propriamente a monomania.

Moral - Conjunto de costumes e juízos morais de um indivíduo ou de uma sociedade; teoria que visa orientar a ação humana submetida ao dever e com vistas ao bem; conjunto de normas livre e conscientemente aceitas que visam organizar as relações dos indivíduos na sociedade.

Moralismo - Apego excessivo à letra das regras morais em detrimento de seu espírito. Atitude prática que consente em cultivar apenas a perfeição moral sem se preocupar com o bem a ser realizado.

Mundividência - É a compreensão global da essência, origem, valor, sentido e finalidade do mundo e da vida humana. O mesmo que cosmovisão (concepção de universo).

Necessidade - Necessário é o que não se pode ser de outra maneira ou aquilo cuja contraditória é impossível.

Niilismo - É a doutrina que admite que o nada, além de ser, ou de haver, é capaz de ser pensado.

Númeno - De acordo com Kant, guarda relação com o verbo pensar, mas de fato, aparece mais equivalente a pensado, como oposto a percebido pelos sentidos.

Objetivo - O que existe fora do espírito e independente do conhecimento do sujeito. O contrário de subjetivo.

Objeto - Aquilo sobre que incide o conhecimento ou recai a ação. Oposto ao sujeito que é o que exerce a ação ou o conhecimento.

Ontologia - Parte da Filosofia que se ocupa do ser enquanto ser, ou seja, do ser concebido na sua totalidade e na sua universalidade.

Opinião - Juízo que adotamos sem termos a certeza de sua verdade.

Ortodoxia - Posição a favor das crenças vigentes.

Palingenesia - (Do grego palin, outra vez, e genesis, nascimento). Literalmente, é o novo nascimento ou regeneração; na Teologia religiosa, é o renascimento das idéias de uma doutrina esquecida, ou a nova vida dos indivíduos.

Panteísmo - (Do grego pan, tudo, e Theos, Deus = tudo é Deus). Doutrina que afirma que o cosmo nada mais é que a manifestação do próprio Deus.

Paradoxo - (Do grego para e doxa, opinião). Estado de coisas (ou declaração que se faça sobre elas), que aparentemente implica alguma contradição, pois uma análise mais profunda faz desvanecê-la.

Percepção - É a apreensão sensorial global de um complexo de dados sensíveis.

Personalidade - Caráter do ser que tem consciência de ser portador de si mesmo, que tem consciência de sua individualidade e de seu papel.

Política - Do grego politikós (polis) que significa tudo o que diz respeito à cidade.

Pragmatismo - Sistema filosófico de William James, que subordina a verdade à utilidade e reconhece a primazia da ação sobre o pensamento.

Práxis - Os gregos chamavam práxis à ação de levar a cabo alguma coisa; também serve para designar a ação moral; significa ainda o conjunto de ações que o homem pode realizar e, neste sentido, a práxis se contrapõe à teoria. No marxismo significa união dialética da teoria e da prática.

Princípio - É aquilo, donde, de algum modo, uma coisa procede quanto ao ser, ao acontecer ou ao conhecer.

Problema - Nem toda a questão se denomina problema, mas tão-só aquele que, por causa da dificuldade que lhe é intrínseca, não logra ser resolvida sem especial esforço.

Raciocínio - É aquela atividade mental, mercê da qual, da afirmação de uma ou mais proposições passamos a afirmar uma outra, em virtude da intelecção de sua conexão necessária.

Racional - Pelo termo “racional” (do latim ratio: razão, designamos em geral o modo especificamente humano do conhecimento conceptual-discursivo.

Racionalismo - Doutrina filosófica moderna (séc. XVII) que admite a razão como única fonte de conhecimento válido; a superestima do poder da razão. Principais representantes: Descartes, Leibniz. Doutrina oposta ao empirismo.

Realidade - Na hodierna terminologia filosófica, o termo “real” designa, via de regra, o ente, o que existe em oposição tanto ao que é apenas aparente quanto ao que é puramente possível.

Reflexão - Em sentido lato e pouco rigoroso, reflexão significa meditação comparativa e examinadora contraposta à percepção simples ou aos juízos primeiros e espontâneos sobre um objeto. No sentido ontológico, mais preciso e profundo, significa, ao mesmo tempo, uma volta do espírito à sua essência mais íntima. Esta volta (reflexio = re-flexão) é o sentido próprio do vocábulo.

Sensação - Significa, na linguagem corrente, qualquer vivência imediata.

Ser - designa aquela perfeição, pela qual alguma coisa é um ente.

Síntese - Significa etimologicamente “composição”. Em linguagem filosófica, síntese designa a união de vários conteúdos cognoscitivos num produto global de conhecimento, união que constitui uma das mais importantes funções da consciência.

Sistema - É a multiplicidade de conhecimentos articulados segundo uma idéia de totalidade.

Socialismo - Nome genérico das doutrinas que pretendem substituir o capitalismo por um sistema planificado que conduza a resultados mais eqüitativos e mais favoráveis ao pleno desenvolvimento do ser humano. Designação das correntes e movimentos políticos da classe operária que visam a propriedade coletiva dos meios de produção. O socialismo utópico (Saint Simon, Fourier, Proudhon etc.) foi criticado pelo socialismo científico (Marx e Engels). Para Marx, o socialismo é a primeira fase revolucionária após a destruição do Estado burguês e supõe ainda a existência de um aparelho estatal; após esta fase, deveria surgir o comunismo propriamente dito.

Sociologia - É a ciência da sociedade. Vem de societas (sociedade) e logos (estudo, ciência). É a ciência que estuda as estruturas sociais e as leis de seu desenvolvimento. Implica na análise do “fato social”.

Sofisma - É um raciocínio falso que se apresenta com aparência de verdadeiro.

Substância - Etimologicamente, é “que está debaixo” ou o que permanece debaixo das aparências ou dos fenômenos. Substância é o que tem seu ser, não em outro, mas em si ou por si. O contrário de acidente.

Sujeito - (Do latim subiectum = que está por debaixo) significa etimologicamente “o que foi posto debaixo”, “o que se encontra na base”. Ontologicamente, denota essencialmente uma relação a outra realidade que “descanse sobre ele”, que é “sustida” por ele.

Teleologia - Teoria dos fins. Doutrina segundo a qual o mundo é um sistema de relações entre meios e fins.

Teologia - É a ciência que tem Deus por objeto.

Teoria - O vocábulo “teoria” é usado, as mais das vezes em oposição a prática, significando neste caso, o conhecimento puro, a pura consideração contemplativa; ao passo que prática designa qualquer espécie de atividade fora do conhecimento, especialmente a atividade dirigida ao exterior.

Totalidade - Falamos de totalidade, quando muitas partes de tal modo estão ordenadas que, reunidas, formam uma unidade (o todo).

Transcendente - Em Kant, os princípios do entendimento puro além dos limites da experiência.

Universalismo - é a visão do todo, da grandeza e vastidão cósmica, da universalidade, oposta à limitação míope e mesquinha a valores parciais ou a interesses particulares.

Útil - Significa tudo aquilo que tem um fim noutro e não em si mesmo.

Utopia - (U-topos, “nenhum lugar”): que não existe em nenhum lugar; descrição de uma sociedade ideal; refere-se a um ideal de vida proposto. No sentido pejorativo, refere-se a um ideal irrealizável.

Verdade - Na acepção mais geral designa uma igualdade ou conformidade entre a inteligência (conhecimento intelectual) e o ser (adaequatio intellectus et rei), e, em sentido mais elevado, uma completa interpenetração de inteligência e ser.

Vício - É o pendor para agir de forma inadequada. É o oposto da virtude.

Vida - É o conjunto dos fenômenos de toda a espécie (particularmente de nutrição e de reprodução), que, para os seres que têm um grau elevado de organização, se estende do nascimento (ou produção do germe) até a morte.

Virtude - Eqüivale a capacidade, aptidão, e significa a habilidade, facilidade e disposição para levar a efeito determinadas ações adequadas ao homem.

Virtudes Cardeais - São assim denominadas (do latim cardo = gonzo), porque toda a vida moral gira em torno delas, como a porta em torno dos gonzos (dobradiças). São: prudência, fortaleza, temperança e justiça.

Vivência - É todo fato de consciência, na medida em que seu sujeito se apreende a si mesmo (de modo reflexo ou não reflexo) como encontrando-se numa determinada situação psíquica.

Por Sérgio Biagi Gregório

Fonte:http://www.ceismael.com.br/

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